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Sai os ganhadores do Candanguinho de Poesia

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Cerimônia se dividiu entre o Museu Nacional da República e a Biblioteca Nacional | Foto: Divulgação/Secec

Durante solenidade realizada nesta segunda-feira (27) no Museu Nacional da República (MUN), a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) premiou 30 crianças e jovens, de seis a 17 anos, vencedores do 1º Prêmio Candanguinho de Poesia Infantojuvenil, uma iniciativa da pasta para estimular a produção literária desse público durante a pandemia da covid-19. Os primeiros colocados receberam smartphones, tablets e leitores de texto.

Presente ao evento – que teve entre os destaques um show da cantora Renata Jambeiro –, o titular da Secec, Bartolomeu Rodrigues, declarou: “Quando eu era criança, não existia essa tecnologia toda que nos interliga em tempo real. Havia a rua e o meio-fio da calçada, onde nos sentávamos para contar histórias, muitas delas de assombração, cada um revelando seu talento. Foi ali que ouvi pela primeira vez alguém declamar uma poesia e descobri que não era preciso usar rimas e métricas para expressar um sentimento poético”.

“Descobri, com a literatura, que problemas meus que pareciam sem solução não são tão complicados” Rafaela de Souza Barbosa, vencedora da categoria juvenil

A solenidade prosseguiu na Biblioteca Nacional de Brasília, onde os jovens premiados participaram de visita guiada e finalizaram o passeio com um brunch na Praça da Língua Portuguesa. Os poemas selecionados pela comissão julgadora de servidores e convidados da sociedade civil vão compor a coletânea Mala do Livro: uma viagem na cultura, em celebração aos 31 anos do programa do GDF de formação de bibliotecas, tanto na casa de agentes de leitura quanto em instituições públicas.

Vencedora da categoria juvenil, Rafaela de Souza Barbosa, estudante do Colégio La Salle do Núcleo Bandeirante, disse que começou a ler com mais interesse durante a pandemia: “Descobri, com a literatura, que problemas meus que pareciam sem solução não são tão complicados”.

Também selecionado na categoria infantil, Bernardo Vieira de Almeida, do Colégio Objetivo do Guará, comemorou: “Fiquei muito feliz. Não é fácil ter o seu texto escolhido num concurso com tanta gente”. Ele contou que a mãe e sua professora de português foram as grandes incentivadoras para que participasse.

Inovação

“Olha, eu já pesquisei muito, mas não conheço outro concurso público dessa natureza”, disse a assessora de Relações Institucionais da Secec, Elizabeth Fernandes, escritora, poeta e membro do júri que julgar o mérito literário do material. Ela destacou que chamou sua atenção o fato de os textos encaminhados expressarem questões da atualidade – como a pandemia, tema presente em vários poemas.

“A qualidade dos textos avaliados me surpreendeu positivamente, assim como a quantidade de inscritos, provando que crianças e jovens não querem ficar só diante de telas”, afirmou a advogada e escritora Christiane Nóbrega, que já publicou três livros infantis.

Também autor de livros, Markão Aborígene, que se apresenta como “pai, educador popular, poeta, escritor, MC e militante do Hip Hop”, foi outro integrante da comissão de seleção dos poemas dos escritores juvenis a elogiar os trabalhos. “Minhas primeiras linhas na poesia também surgiram numa sala de aula, fui agente da Mala do Livro e sei da importância e da beleza do projeto”, ressaltou. “Destaco também a potência de cada adolescente ali. São territórios, sonhos e demandas que rompem barreiras e dizem ‘tô aqui, respeite nossa arte, nossa cultura, nos respeite’”.

Proposta bem-sucedida

A diretora da BNB, Elisa Raquel Sousa Oliveira, citou outro destaque do concurso: a inclusão de pessoas com deficiência (PcDs) entre os candidatos. “O que posso dizer sobre o Candanguinho é que foi um concurso pensado com muito carinho, uma proposta de muito sucesso porque trabalha com a criatividade de nossas crianças, além de contemplar pessoas com deficiência”, frisou.

Igualmente envolvida no processo de seleção do edital, a gerente de atendimento da BNB, Marmenha Rosário, disse ter ficado satisfeita com o número de inscrições –289: “Isso nos permite concluir que houve adesão expressiva por parte das escolas públicas e particulares do DF e Ride [Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno], que incentivaram as crianças e adolescentes a participarem. Estamos no caminho certo na implementação da política de leitura, escrita e oralidade do DF”.

Mala do Livro

Memória viva do programa de incentivo à leitura, do qual é integrante desde 1990, a servidora Maria José Lira Vieira também observou que o Candanguinho motivou o público de crianças e jovens e ler mais. Ela compartilhou relato do agente Douglas Gomes Bezerra, da QE 34 do Guará II, que ouviu o seguinte da boca de um garoto: “Tio, eu vou ter de pegar mais livros porque quero ganhar um prêmio nesse concurso”.

A diretora da BNB estima que a Mala do Livro, também presente como assunto em vários poemas classificados, atenda atualmente 18 mil pessoas por ano, já tendo alcançado, em três décadas de existência, algo na casa dos 100 mil usuários. Os números confirmam o protagonismo da BNB como maior biblioteca pública do Distrito Federal.

Atualmente, o acervo rastreável pelo sistema da BNB é de 75.300 títulos em 196 malas (na verdade, caixas de madeira dobráveis). Sem entrada no sistema, há 188 malas em instituições que prestam assistência social, além de outras sete em hospitais. Se computada a Ride, que avança para Minas Gerais e Goiás, o número de malas salta para mais de 500 unidades.

*Com informações da Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Fonte: Governo DF

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Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino

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Nova etapa de execução é concretizada via convênio entre MDS e Consórcio Nordeste, no valor de R$ 311 milhões. Na área rural de Juazeiro (BA), os moradores estão otimistas com as novas possibilidades trazidas pelo acesso à água

No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.

Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural

A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.

O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.

Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.

“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.

A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.

PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.

“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.

A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.

Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.

CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.

Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.

“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.

O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.

“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.

AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.

As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.

 

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