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Samu contabiliza mais de 11 mil trotes somente este ano

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Para uns, uma brincadeira – de mau gosto por sinal. Para a equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), uma ligação desnecessária e um tempo perdido que poderia ter sido usado para salvar a vida de quem realmente precisou de atendimento emergencial.

Número de trotes este ano diminuiu em comparação com ano de 2020 | Foto: Breno Esaki/Secretaria de Saúde – DF

Até o mês de julho, o Samu recebeu 441.684 ligações na Central de Regulação de Urgências, pelo telefone 192. Deste total, 11.959 foram trotes identificados pelos operadores do sistema. De tudo isso, a boa notícia é que, se comparado com o mesmo período do ano passado, o registro é de 1.191 ligações desnecessárias a menos.

Para Victor Arimatea, diretor do Samu, a redução nos números de trotes este ano pode estar ligada à conscientização da população com o enfrentamento da pandemia.

O Samu faz campanhas educativas e de conscientização da população, para redução do número de trotes

“Estamos ainda em situação de combate à pandemia e os desafios enfrentados pela população elevaram a importância dos atendimentos do Samu, bem como de todas as unidades de saúde. Nesse sentido, é razoável supor que o contexto atual também colaborou para uma modificação de comportamento que culminou na redução do registro de trotes e no amadurecimento do uso de ferramentas tão necessárias e contingenciadas como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência”, afirma.

Campanhas educativas

Geralmente, as ligações classificadas como trotes são feitas por crianças. Anualmente, o Samu faz campanhas educativas e de conscientização da população, para redução do número de trotes.

Arte: Secretaria de Saúde – DF

Em 2007, o Ministério da Saúde criou o projeto Samuzinho para conscientizar e instruir crianças das escolas públicas e particulares de todo país, a partir do 5º ano. A ideia do projeto é mostrar para elas o quanto um trote pode atrapalhar ou atrasar um atendimento de urgência.

Victor Arimatea acrescenta ainda que, em virtude do isolamento social imposto pela pandemia e a supervisão familiar para com as crianças, tais fatores podem ter contribuído para essa redução, além das campanhas educativas que o órgão apresenta.

“Os motivos por trás da redução do registro de trotes provavelmente são multifatoriais, envolvem tanto a atuação de campanhas de conscientização orientando a população através da mídia, com matérias anuais relacionadas ao tema, quanto a projetos como o Samuzinho, com esclarecimento da população infantil nas escolas quanto à importância do serviço”, ressalta o diretor do Samu.

Trote é crime

De acordo com o artigo 266 do Código Penal Brasileiro, passar trote para serviços de emergência é crime e o infrator pode pegar de um a seis meses de detenção.

No caso de menores que cometem esse ato infracional, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera como gravíssimo e a criança ou adolescente será encaminhado para a Vara da Infância e da Juventude para que sejam aplicadas as medidas socioeducativas, de acordo com a gravidade do trote, dentro da legislação vigente.

*Com informações da Secretaria de Saúde

Fonte: Governo DF

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Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino

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Nova etapa de execução é concretizada via convênio entre MDS e Consórcio Nordeste, no valor de R$ 311 milhões. Na área rural de Juazeiro (BA), os moradores estão otimistas com as novas possibilidades trazidas pelo acesso à água

No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.

Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural

A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.

O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.

Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.

“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.

A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.

PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.

“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.

A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.

Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.

CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.

Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.

“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.

O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.

“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.

AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.

As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.

 

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