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Prevenir é o melhor remédio

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Vacinas, rastreamento, exames, estilo de vida saudável. Vale tudo na luta contra o câncer, conjunto de doenças que representam a segunda causa de mortes no mundo atualmente, perdendo apenas para as doenças cardiovasculares. Uma, em cada seis mortes no planeta Terra, são relacionadas à doença.

Os números do câncer são mesmo impressionantes. Só no Brasil, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, no ano de 2020, mais de 626 mil pessoas perderam a vida em decorrência da enfermidade. Nas Américas, o cálculo é de que foram 1,4 milhão de mortes e 4 milhões de pessoas diagnosticadas com câncer, no mesmo ano.

Mas apesar dos índices um tanto sombrios, nem todas as estatísticas que se referem ao câncer são negativas. Graças aos avanços e às descobertas da ciência, o câncer também vem apresentando números animadores.

Segundo especialistas, em termos estatísticos, o câncer é a doença crônica mais curável atualmente. Nos países desenvolvidos, 50% dos casos alcançam a cura. No Brasil, estima-se que o número deve ser menor, porém, isso se deve, infelizmente, aos diagnósticos tardios.

A biomédica especialista em biomedicina estética, Lorena Soares, faz parte dessas estatísticas: das ruins e, felizmente, também das positivas. Aos 33 anos, Lorena descobriu que tinha um câncer no seio. Ela já sentia o nódulo há alguns meses, mas por causa da sua idade, achava que se tratava de um caroço sem muita importância. Ao saber que uma amiga da mesma faixa etária estava com câncer de mama, ela procurou o médico. Fez a investigação e se surpreendeu com o resultado positivo. 

Como o tumor foi diagnosticado como hormonal, durante o tratamento foi indicada, entre outras terapias, uma castração química, o que causaria a paralisação de toda a produção ovariana. Esse foi o maior impacto para a biomédica, porque foi justamente no momento em que ela estava planejando se casar e ter filhos. Mesmo com toda a surpresa do diagnóstico e dos efeitos do tratamento, Lorena decidiu seguir a vida da melhor forma possível. “Eu decidi durante todo o tratamento continuar trabalhando. Como biomédica especialista em estética, sou professora, sou coordenadora, eu decidi continuar, porque eu trabalho com o resgate da autoestima das pessoas e, isso me dava mais força e mais motivação para cuidar de mim”, conta Lorena. 

Como uma profissional que cuida de outras pessoas, a biomédica acabou se descuidando da própria saúde. Uma visita periódica ao médico ou mesmo quando sentiu o nódulo, poderia ter significado uma história diferente para Lorena, que felizmente está curada, mas a custo de um tratamento agressivo, que envolveu, além da castração, uma mastectomia e 28 sessões de radioterapia, além de muitos outros medicamentos e seus inúmeros efeitos colaterais. 

Prevençao

A consulta regular ao médico, preferencialmente a um ginecologista, para as mulheres e ao urologista, para os homens, é uma das mais eficientes medidas para se conseguir a cura da doença. É a anamnese e os exames complementares (laboratoriais e de imagem), feitos de tempos em tempos, que tornam possível descobrir os tumores em estágio inicial, o que traz inúmeros benefícios e, pode fazer a diferença entre a vida e a morte.

“O diagnóstico precoce não apenas aumenta as chances de cura da doença, como também pode determinar um tratamento menos agressivo. Além de diminuir também as chances de recidiva. O reaparecimento ou não do tumor está diretamente ligado ao diagnóstico precoce, isso sem falar na possibilidade de metástase, que é o espalhamento do câncer para outras regiões do corpo: quanto maior a lesão, maior a chance de encontrar o sistema linfático ou a corrente sanguínea”, ensina o oncologista clínico e mestre em genética, Francisco Pereira Borges Filho.

O médico explica que além das consultas e exames periódicos, outros fatores também contribuem para a prevenção da doença ou, no caso de aparecimento do tumor maligno, para o sucesso do tratamento. Um deles é bem conhecido e eficaz, não só para evitar o câncer, mas uma série de outras doenças: o estilo de vida saudável. A receita é simples e inclui boa alimentação, exercícios físicos regulares, não fumar ou abandonar o quanto antes o hábito, evitar bebidas alcoólicas, combater a obesidade, entre outros comportamentos. 

Isso porque a maioria dos casos de câncer são causados por fatores externos, como o tabagismo, o consumo de produtos embutidos, defumados e enlatados, a obesidade, o álcool e o sedentarismo. De acordo com o médico, entre essas causas, o cigarro é a pior delas, sendo responsável por vários tipos de tumores. No caso do câncer de pulmão, a exposição à fumaça é o que leva a 90% dos casos, sendo também o grande vilão das lesões de cabeça e pescoço, que engloba faringe, laringe, nariz e tireoide, entre outros.  “É claro que quem leva uma vida totalmente saudável pode ter um câncer, mas com esses cuidados, você aumenta muito as chances de prevenir a doença”, explica o oncologista. 

No quesito exercício físico, o médico esclarece que é preciso regularidade e continuidade temporal.  Atividades corriqueiras, como a caminhada até algum local que você precisa ir, subir alguns andares de escadas ou fazer compras, não são suficientes. São necessárias, pelo menos, três horas por semana e no mínimo, exercício contínuo, por 30 minutos. “É isso que vai trazer os benefícios, melhorar a circulação sanguínea, liberar endorfinas, enfim… quem joga bola só no fim de semana, também não conta, é considerado sedentário”. 

No caso de alguns tumores específicos, outros cuidados podem ser efetivos. É o caso do uso do filtro solar para a prevenção do câncer de pele, o mais comum no Brasil, por causa da incidência solar.

A aplicação da vacina contra o HPV é outro recurso que se pode lançar mão para a prevenção dos tumores de colo de útero, já que o papiloma vírus humano é o principal causador desse tipo de câncer e também pode levar a nódulos de cabeça e pescoço. O ideal é que a vacina seja aplicada em crianças e adolescentes, para garantir a imunidade antes do início da vida sexual, isso porque a transmissão do vírus se dá pela relação sexual. É bom lembrar que a vacina está disponível na rede pública de saúde para meninos e meninas, entre 9 e 14 anos. 

Uma outra alternativa bem mais recente de prevenção, diz respeito às Síndromes de Predisposição Hereditária ao Câncer. Atualmente alguns exames são capazes de detectar alterações genéticas que aumentam as chances de determinados tipos de tumores se desenvolverem em indivíduos da mesma família. A descoberta se antecipa ao aparecimento do tumor.

Francisco Borges Filho explica que essa descoberta possibilita a realização de um tratamento preventivo ou um acompanhamento mais regular do paciente. O médico lembra do caso da atriz Angelina Jolie, que perdeu a avó e a mãe por causa do câncer de mama. Ela fez o rastreamento e decidiu por uma mastectomia completa, depois de descobrir a pré disposição para a doença. 

Projetos de lei na Alego

Garantir a realização do exame genético identificador da mutação no gene BRCA, capaz de apurar a existência de risco de desenvolvimento do câncer de mama é objeto de um projeto de lei em tramitação na Assembleia Legislativa de Goiás. O projeto de lei nº 0977/20, de autoria do deputado Paulo Trabalho (PL), institui a política de prevenção do risco de desenvolvimento de câncer de mama e o acesso gratuito ao teste de mapeamento genético.

O projeto prevê, ainda, que o exame poderá ser realizado na paciente diagnosticada como de alto risco de desenvolvimento de câncer de mama, por apresentar histórico familiar de incidência da doença em sua mãe, irmã ou avó antes de atingir cinquenta anos de idade. E ainda propõe que as mulheres que apresentarem a mutação no gene, identificada pelo exame poderão optar pela realização da cirurgia de mastectomia profilática e de reconstrução da mama através do Sistema Único de Saúde (SUS). 

O parlamentar justifica a propositura afirmando que o teste genético para câncer de mama não está disponível na grande maioria dos municípios e não recebe cobertura do SUS.  “Vale mencionar que os testes de mapeamento dos genes BRCA1 e BRCA2 passaram a ser cobertos pelos planos de saúde, conforme critérios estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Contudo, o oferecimento pela rede pública de exame que comprove a predisposição genética para o câncer de mama é uma ação de caráter incontestavelmente preventivo”, alega.

Já proposta do deputado Paulo Cezar Martins (PL), pretende levar orientação sobre a prevenção ao câncer de mama às crianças em idade escolar. O projeto nº 1116/20 institui o “Outubro Rosa nas Escolas”. A ideia é divulgar e incentivar a prevenção do câncer de mama entre a população feminina, de forma que as alunas da rede pública estadual, além de já terem informação para o futuro, que incentivem familiares a realizarem os exames preventivos. 

“Embora seja rara a incidência deste tipo de câncer antes dos 35 anos, acima dessa idade os casos crescem progressivamente, coincidindo com a idade das mães de alunas da rede estadual de ensino. Assim sendo, se tivermos meninas e adolescentes bem instruídas sobre o câncer de mama, além da prevenção futura, o conhecimento será compartilhado com a família, fazendo com que outras mulheres tenham acesso às informações, as quais poderão salvar suas vidas”, alerta o parlamentar na justifica do projeto.

Poder da informação

O médico Francisco Borges Filho também acredita no poder da informação como arma na prevenção do câncer e lembra que muitos tumores são facilmente preveníveis. E faz coro também com a necessidade de se observar o histórico familiar, que também é um fator de risco para certos tipos de cânceres. E mesmo quem não tem acesso a exames sofisticados, pode fazer a profilaxia.

Ele lembra que no caso do câncer de mama, antes dos 45 anos, as mulheres devem se submeter a uma ultrassonografia das mamas, anualmente e, após essa idade, a mamografia também passa a ser indicada. Para quem tem casos na família, a mamografia deve ser feita a partir dos 40 anos. “No caso do câncer de intestino, que já é o segundo mais comum na população geral, o exame de colonoscopia a partir dos 40 anos para quem não tem casos na família, para quem já tem histórico, o exame deve ser feito a partir dos 30. Se não há alteração, o exame é repetido a cada 5 anos e quando  aparecem pólipos, a colonoscopia deve ser feita anualmente. São tumores evitáveis”, resume. 

“Eu tive uma paciente que teve um câncer de intestino e morreu por causa da enfermidade. Nós então passamos a acompanhar todos os filhos, com a realização de colonoscopia todos os anos. Assim nós descobrimos que um deles estava com um tumor em estágio inicial, que foi possível retirar e ele se curou. São procedimentos disponíveis para a maioria das pessoas”, destaca o mestre em genética.  

Quando não é possível se antecipar ao câncer e o diagnóstico é de que a doença já está instalada, os tratamentos são diversos e também tem evoluído enormemente nos últimos anos. E mesmo com todos os sentimentos confusos e angustiantes que um diagnóstico de câncer pode causar e os efeitos das terapias, a atitude do paciente também é determinante no enfrentamento à doença.

No caso da biomédica Lorena Soares, que hoje está curada, na chamada fase de remissão da doença e, portanto, passou a integrar a estatística positiva da doença, passar por um câncer, foi um chamado ao autocuidado e ainda uma ressignificação da própria profissão. “Eu sempre falo que a estética é um ato de amor, porque é quando você começa a se cuidar, sem estar doente. E eu comecei a fazer tratamentos para mim, para amenizar as unhas quebradiças, o envelhecimento precoce da pele, por causa da menopausa, e, principalmente a nutrição injetável, que deu suporte para aguentar todo o tratamento. O ano passado quando eu voltei à médica, ela ficou surpreendida, porque eu consegui perder peso, ganhar massa muscular e foi possível tirar um medicamento, que me deu mais qualidade de vida”, relata. 

Para tentar conseguir realizar o sonho da maternidade no futuro, ela fez o congelamento de óvulos, o que também a deixou mais tranquila. Lorena Soares conta que se cuidando melhor, passou também a cuidar com mais atenção das outras pessoas. 

Durante o processo de combate ao câncer, ela desenvolveu ainda um projeto de estética voltado para pacientes da doença, com a utilização de procedimentos que podem ser feitos mesmo durante o tratamento, com vistas a devolver a autoestima e um pouco de qualidade de vida às mulheres que estão enfrentando a doença. 

Ela fez questão também de mandar um recado a quem recebe um diagnóstico de câncer “Você recebeu uma informação de que algo não está funcionando bem no seu organismo, mas é apenas uma célula, perante outras milhões de células, que estão saudáveis. Então olhe para dentro de si e alimente suas células saudáveis, mentalmente, espiritualmente e fisicamente. Independente do tamanho, da extensão do tumor, ele ainda é minoria. Você está vivo e tem milhões de células que são capazes de se fortalecer e fazer uma grande virada, assim com eu fiz” orienta.    

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Política

“Temos que governar com o espírito de JK”, defende Caiado em encontro nacional de lideranças

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Na 2ª edição do Seminário Brasil Hoje, em São Paulo, o governador falou sobre clima de acirramento da política nacional e soluções reais para problemas da população

No debate sobre desafios e oportunidades para os estados, em São Paulo, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, citou o ex-presidente Juscelino Kubitschek (JK), que comandou o país entre 1956 e 1961 em clima de coalizão. “Foi esse homem que deu conta de fazer todo o desenvolvimento, destacar o Centro-Oeste e o Norte do país”, disse Caiado. A fala foi durante a segunda edição do Seminário Brasil Hoje, realizado nesta segunda-feira (22/04).

O evento reuniu lideranças políticas e do setor privado para debater o cenário econômico atual. “Ninguém governa brigando, nesse clima de acirramento político. O presidente hoje tem que governar com o espírito que JK teve, de poder, se preocupar com matérias relevantes”, disse Caiado. Ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o goiano encerrou o evento, com a mediação do jornalista Willian Waack.

Em seminário nacional, Caiado fala que presidente da República deve seguir exemplo de JK

Em seminário nacional, Caiado fala que presidente da República deve seguir exemplo de JK

Caiado relembrou que, à época de JK, o país também vivia grande clima de polarização política, com diversas forças tentando derrubar o presidente. Ao ser resolvida a crise, JK pediu calma e que o deixassem trabalhar pelo país, sem também promover clima de revanchismo contra adversários.

“Essa polarização é deletéria, todo mundo pode contribuir para seu fim”, disse Tarcísio ao concordar com Caiado. Para ele, o Judiciário, Legislativo, a mídia e mais setores da sociedade também devem atuar para descomprimir o debate. “Estamos cada dia mais próximos do limite, a população não aguenta”, alertou Tarcísio. O encontro foi promovido pela organização Esfera Brasil, que se intitula “apartidária e independente”, com transmissão ao vivo via internet.

Sobre desafios da segurança pública nos estados, Caiado ressaltou que “bandido tem que cumprir pena, e não ficar fazendo falsa política social”. Ele destacou ainda a necessidade do combate às facções criminosas que dominam diversos pontos, nas grandes metrópoles. “Ter territórios onde não se pode entrar significa que não temos um estado democrático de direito”, afirmou.

Como resultado das ações do Governo de Goiás, ele citou que o estado hoje não tem nenhum território dominado por facções e é exemplo nacional em segurança pública.

Seminário
Também integraram a programação do seminário o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, além de outras autoridades. Nos demais painéis, foram abordados temas como as perspectivas para as eleições municipais, comunicação, meio ambiente e integração e inovação de cadeias produtivas.

Fotos:_Julia Fagundes Esfera / Secretaria de Comunicação – Governo de Goiás

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