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Moradores temem atraso em licitação do serviço de barcas no Rio

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A Associação dos Moradores da Ilha de Paquetá (Morena) enviou um ofício à Secretaria de Estado de Transportes do Rio de Janeiro (Setrans) para cobrar maior celeridade no processo de licitação dos serviços de transporte aquaviário. Falta um ano para encerrar o contrato em vigor. A CCR, concessionária que atualmente opera as barcas, não tem interesse em continuar com a atividade.

“É um processo complexo e o tempo já é curto. Estamos falando de uma concessão que deverá durar 25 anos. Tem que fazer a modelagem que vai prever tudo o que pode acontecer ao longo desse tempo e só então o edital poderá ser redigido. E tudo deverá passar pelos órgãos de controle”, diz Guto Pires, diretor geral da Morena.

A Ilha de Paquetá é um bairro da capital fluminense. Cenário do clássico A Moreninha, romance de Joaquim Manuel de Macedo, ela está localizada na parte mais interna da Baía de Guanabara e possui pouco mais de 4 mil moradores. Com ruas de terra e casas histórias, a ilha tem 120 hectares e só é possível acessá-la através do transporte aquaviário, embarcando na Praça XV, no centro da capital.

No documento protocolado na Setrans há duas semanas, a Morena afirma que há um atraso na contratação do consórcio de empresas que fará os estudos técnicos necessários para a elaboração de um novo modelo de concessão ou permissão, com vistas a substituir a CCR. Uma concorrência pública foi realizada em dezembro para escolha desse consórcio. No site da Setrans estão disponíveis o edital e demais documentos da seleção, mas não há divulgação das empresas vencedoras. Os moradores da Ilha de Paquetá pedem uma reunião com o secretário André Nahass para tratar do assunto, mas ainda não receberam uma resposta.

“Nossa aflição é imensa ao constatar que, após mais de um mês do encerramento da concorrência pública referida, ainda não há contrato assinado e, portanto, não foi iniciada a execução do mesmo, que vem a ser fundamental e condicionante para a nova modelagem da concessão dos serviços de transportes aquaviários no Estado do Rio de Janeiro”, registra o documento.

O cronograma de trabalho para elaboração do modelo de concessão, disponível no site da Setrans, prevê 8 meses para a entrega do relatório final e das minutas do edital e do contrato. Significa que se o contato for assinado ainda neste mês, o prazo para conclusão do serviço se estenderá até outubro. Só então poderá ser realizada a licitação para efetivamente selecionar a empresa que irá operar as barcas.

Além de enviar o ofício ao órgão estadual, a Morena também tornou pública uma nota onde lamenta a situação. “Para todos os usuários dos serviços aquaviários e, especialmente para nós paquetaenses que dependemos exclusivamente desses serviços, esse atraso na assinatura do contrato é preocupante. Atrasos agora podem significar crise do serviço púbico de transporte aquaviário mais à frente”, acrescenta o texto.

Procurada pela Agência Brasil, a Setrans informou que o processo referente à concorrência pública está em análise. “A Setrans ressalta que está cumprindo todos os trâmites prescritos em lei e trabalha para cumprir o cronograma previsto inicialmente, visando garantir a manutenção da prestação do serviço aquaviário à população”, afirmou em nota.

Além de atender a Ilha de Paquetá, as barcas que saem da Praça XV também transportam passageiros para a Ilha do Governador, na zona norte da capital, e para dois pontos da cidade de Niterói. No sul do estado, o serviço liga os municípios de Mangaratiba e Angra dos Reis à Ilha Grande. Ao todo, são seis linhas operadas atualmente pela CCR.

“O maior fluxo de transporte aquaviário do estado é entre Rio e Niterói. Mas tem a ponte. Se suspende o serviço das barcas, vai congestionar a ponte, vai ser um inferno, mas haverá essa alternativa para que os trabalhadores cheguem ao seus locais de trabalho. Em Paquetá, não é assim. É um ilha. O ir e vir depende exclusivamente da barca. Se chegar um crise desse nível, impacta todas as dimensões da vida”, pondera Guto Pires.

Em nota, a concessionária afirma que está a disposição para apoiar o estado na elaboração da modelagem e na busca pela melhor solução para a população. “A CCR Barcas informa que seguirá cumprindo o contrato com todas as entregas e serviços reconhecidos pela população, com a mesma qualidade de sempre, até o dia 11/02/2023, quando se encerra o prazo contratual”, enfatiza.

Vista da Ilha de Paquetá. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) faz primeiro teste preparatório do Censo Demográfico 2022, na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro. Vista da Ilha de Paquetá. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) faz primeiro teste preparatório do Censo Demográfico 2022, na Ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro.

Vista da Ilha de Paquetá. – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Modelo de concessão

O transporte aquaviário no estado do Rio foi assumido pelo setor privado em 1998. O serviço saiu da alçada da Companhia de Navegação do Estado do Rio de Janeiro (Conerj), vinculado ao governo estadual, e foi entregue a um consórcio de empresas intitulado Barcas S/A. O contrato previa a operação da atividade por 25 anos, encerrando-se em fevereiro de 2023. Em 2012, o Grupo CCR comprou 80% das ações das Barcas S/A e assumiu o serviço, rebatizando a concessionária de CCR Barcas.

Três anos mais tarde, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) determinou a realização uma nova licitação para a operação das barcas atendendo pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), que listou irregularidades no contrato de concessão, não cumprimento de atividades previstas, autorização indevida de novas linhas e precariedade das embarcações. A própria CCR também chegou a solicitar a suspensão contratual, alegando prejuízos e informando não ter mais interesse na atividade. Porém, a condução do processo licitatório, que deveria ter sido concluído em 2017, enfrentou questionamentos de órgãos de controle e terminou barrado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).

A definição do modelo de concessão é apontado como um dos principais desafios para processo de sucessão da gestão da CCR. A validade do novo contrato, assim como ocorreu no anterior, deverá ser de 25 anos. É preciso estimar todas as obrigações da concessionária e potenciais impactos econômicos que a operação do serviço pode sofrer nesse período.

De acordo com Guto Pires, é preciso cuidado para não repetir falhas do atual contrato. “Ele é ruim para todos os lados. É ruim pro concessionário, porque houve desequilíbrios econômicos não previstos no contrato. É ruim pro poder público, porque o concessionário reclama e diz que o estado deve ele. E a corda arrebenta pro lado mais fraco que é o usuário, porque quanto mais insatisfeito o concessionário, pior serviço ele presta. E o poder público se sente em dívida e não cumpre adequadamente seu papel de fiscalizar o serviço”, avalia.

Vista da Ponte Rio-Niterói a partir da barca que faz a ligação entre a Praça XV e a Ilha de Paquetá. Vista da Ponte Rio-Niterói a partir da barca que faz a ligação entre a Praça XV e a Ilha de Paquetá.

Vista da Ponte Rio-Niterói a partir da barca que faz a ligação entre a Praça XV e a Ilha de Paquetá. – Tânia Rêgo/Agência Brasil

Edição: Bruna Saniele

Fonte: EBC Geral

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“Caminhos assistenciais” do Governo Federal liberam rodovias para garantir abastecimento do Rio Grande do Sul

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Prioridade é a liberação ágil de trechos essenciais para assegurar o fluxo de veículos com suprimentos, comida, oxigênio e combustível

Com mais de 400 cidades atingidas pelo alto volume de chuvas que caiu sobre o território gaúcho, o Governo Federal desenvolveu um plano emergencial para reestabelecer o fluxo viário em rotas estratégicas para assegurar o atendimento da população e impedir o desabastecimento de itens essenciais para a população do Rio Grande do Sul.

“Esses caminhos assistenciais, como estamos chamando, são para garantir salvamento e abastecimento do estado, sobretudo com oxigênio e remédio, comida e água, além da chegada de combustível, para não haver outras paralisações nesta crise e intensificarem ainda mais o sofrimento do povo gaúcho neste momento”, informou o ministro dos Transportes, Renan Filho. “É um plano de trabalho com prioridades a serem adotadas em 48 horas”.

Para isso, são usados maquinários pesados, como tratores, escavadeiras, guindastes e caminhões. Há cerca de 200 equipamentos e 600 homens atuando diretamente no estado. Em alguns pontos de rompimento de trechos de estrada, a solução é preencher as brechas com pedras para permitir a passagem dos veículos. Um dos trechos liberados é a BR 290, que liga Porto Alegre a Santa Maria e segue até a fronteira com a Argentina, por onde passa 30% do comércio internacional do país. Equipes do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), de concessionárias e da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) seguem no para restabelecer o fluxo viário.

“Liberamos o fluxo na BR 290. O momento é de trabalhar pela preservação da vida, reencontro das famílias e reconstrução do Rio Grande do Sul. Nesses caminhos serão permitidos transporte de alimentos, remédios, oxigênio, combustíveis, resgates e pacientes em ambulâncias”, comentou o ministro.

Já estão liberados também trechos das BRs-116/RS, entre Estância Velha a Nova Petrópolis; de Vacaria a Campestre da Serra; e de Caxias a São Marcos. Também foi restabelecido o fluxo na BR-392/RS, de Santa Maria a Caçapava do Sul, possibilitando o acesso ao Porto de Rio Grande, beneficiando a região de Pelotas. Até esta quarta-feira (8/5), serão realizadas ainda as seguintes liberações: na BR-116/RS, sentido norte do estado, no trecho do Viaduto da Scharlau, e a ponte sobre o Rio dos Sinos.

 

Na BR-470, passagem liberada de Carlos Barbosa a Montenegro; na BR-386, a ponte sobre o rio Taquari, em Estrela e Lajeado também teve o fluxo retomado, assim como na BR-290, de Eldorado a Santa Maria, com construção de um bueiro. Já no caso da BR-158, de Santa Maria a Cruz Alta, o trânsito ainda ocorre com escolta, apenas para passagens de veículos emergenciais, pois há risco no trajeto. Trânsito liberado também na BR-448, a Rodovia do Parque.

Para o ministro, chama a atenção nesse desastre a amplitude, a velocidade com que as águas subiram e a demora no escoamento, o que dificulta o dimensionamento da crise e o atendimento. “A prioridade agora é salvar vidas, liberar vias para passagem de equipes de resgate e pronto socorro e, depois, pensarmos na reconstrução”, listou.

Rodovias liberadas e em processo de liberação

1 BILHÃO – Em reunião com parlamentares na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o ministro ainda informou que cerca de R$ 1 bilhão serão destinados pelo Governo Federal à reconstrução de rodovias federais, além do orçamento previamente destinado ao estado de R$ 1,7 bilhão.

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