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Censo 2022: Brasil chega a 203 milhões de habitantes

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A alta na população é de 6,4% em relação a 2010. Número de domicílios tem alta de 34% em relação ao último censo e chega a 90,6 milhões de moradias

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta quarta-feira (28/6) os primeiros resultados do Censo 2022. Os dados que servem como ponto de partida são os de população e domicílios — e neles estão duas referências marcantes sobre o Brasil: somos 203 milhões (alta de 6,4% em relação a 2010, quando éramos 190 milhões), vivendo em 90,6 milhões de domicílios (alta de 34% em 12 anos).

DESTAQUES

A população do país chegou a 203,1 milhões em 2022, com aumento de 6,5% frente ao censo demográfico anterior, realizado em 2010. Isso representa um acréscimo de 12,3 milhões de pessoas no período.

De 2010 a 2022, a taxa de crescimento anual da população do país foi de 0,52%. A menor taxa desde o primeiro Censo do Brasil, em 1872.

A região Sudeste tem 84,8 milhões de habitantes, 41,8% da população do país. Os três estados brasileiros mais populosos – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro – concentram 39,9% da população brasileira.

A região Centro-Oeste é a menos populosa, com 16,3 milhões de habitantes, ou 8,0% da população do país.

Em 2022, as concentrações urbanas abrigavam 124,1 milhões de pessoas, 61%.

Cerca de 44,8% dos municípios brasileiros tinham até 10 mil habitantes, mas apenas 12,7 milhões de pessoas, ou 6,3% da população do país, viviam em cidades desse porte.

O crescimento dos domicílios foi mais de cinco vezes superior ao da população. A comparação ressalta o indício de que a taxa média de crescimento anual da população (ao longo dos últimos 12 anos) caiu para 0,5%. No Censo 2010, a taxa média (na década) alcançou 1,1%; já menor, por sua vez, que a do Censo 2000 (1,6%); que havia diminuído, em relação ao Censo 1991 (1,9%).

A taxa de crescimento é bem diferente se comparadas as regiões. Nordeste e Sudeste registraram taxas menores, respectivamente, 0,24% e 0,45%. Já o Sul e o Norte superaram a média, com 0,74% e 0,75%, na ordem. Apenas o Centro-Oeste, que tem a menor participação relativa na população brasileira, ficou com a taxa de crescimento acima da média registrada no Censo 2010, com 1,23%.

MAIS POPULOSO – O estado de São Paulo continua sendo o mais populoso, com 44,4 milhões de pessoas (21,9% do total do país). Em seguida, aparece Minas Gerais, com 20,5 milhões. Rio de Janeiro, Bahia, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Ceará, Pará e Santa Catarina completam a lista dos dez estados com maior população. Entre os municípios, a capital paulista é a mais populosa, com 11,4 milhões de residentes (alta de 1,8% frente ao Censo 2010). O município do Rio de Janeiro conta com 6,2 milhões (queda de 1,7%) e Brasília saltou para 2,8 milhões (alta de 9,6%).

Municípios com as maiores populações
UF Município População Variação
2010 2022
SP São Paulo 11.253.503 11.451.245 1,80%
RJ Rio de Janeiro 6.320.446 6.211.423 -1,70%
DF Brasília 2.570.160 2.817.068 9,60%
CE Fortaleza 2.452.185 2.428.678 -1,00%
BA Salvador 2.675.656 2.418.005 -9,60%
MG Belo Horizonte 2.375.151 2.315.560 -2,50%
AM Manaus 1.802.014 2.063.547 14,50%
PR Curitiba 1.751.907 1.773.733 1,20%
PE Recife 1.537.704 1.488.920 -3,20%
GO Goiânia 1.302.001 1.437.237 10,40%
RS Porto Alegre 1.409.351 1.332.570 -5,40%
PA Belém 1.393.399 1.303.389 -6,50%
SP Guarulhos 1.221.979 1.291.784 5,70%
SP Campinas 1.080.113 1.138.309 5,40%
MA São Luís 1.014.837 1.037.775 2,30%
AL Maceió 932.748 957.916 2,70%
MS Campo Grande 786.797 897.938 14,10%
RJ São Gonçalo 999.728 896.744 -10,30%
PI Teresina 814.230 866.300 6,40%
PB João Pessoa 723.515 833.932 15,30%

 

 

 

 

CRESCIMENTO DE DOMICÍLIOS — O Censo 2022 identificou aumento de domicílios em todos os estados e no Distrito Federal. Eram 67,56 milhões em 2010 e, agora, são 90,68 milhões. No ranking das dez cidades com maior número de domicílios recenseados estão: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Fortaleza, Belo Horizonte, Curitiba, Manaus, Porto Alegre e Goiânia. Porém, nenhuma delas registrou variação positiva acima de 50%, em relação a 2010. Nesse rol, as campeãs são Abadia de Goiás/GO (+197,5%); Canaã dos Carajás/PA (+176,3%); Goianira/GO (+143,6%); Extremoz/RN (+136,5); e Iranduba/AM (+130,9%).

A relação entre o crescimento dos domicílios e população aponta para uma queda na média de moradores por domicílio: era de 3,31 no Censo 2010 e alcançou 2,79 no Censo 2022. À primeira vista, a informação registrada pelo IBGE aponta para a existência de famílias menores no país, mas há também, por trás desse dado, a identificação de um grande número de domicílios fechados.

Os domicílios particulares permanentes ocupados aumentaram 26% e os não ocupados aumentaram 80% desde 2010. O número de domicílios particulares permanentes ocupados chegou a 72,4 milhões (eram 57,3 milhões) e os domicílios particulares permanentes não-ocupados chegou a 18 milhões (eram 10 milhões).

BARREIRAS SUPERADAS — Programado para ocorrer em 2020, o recenseamento do IBGE foi adiado por causa da pandemia de Covid-19. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) obrigou o governo passado a realizá-lo em 2022. Quando foi iniciado, em 1º de agosto de 2022, o Censo tinha conclusão prevista para antes do final do ano.

Na época, o Ministério da Economia autorizou R$ 2,3 bilhões para o trabalho, mesmo orçamento de 2019, que desconsiderava a inflação acumulada em dois anos. Com dificuldades para contratação, pagamento e manutenção de recenseadores, o fim do censo foi primeiramente adiado para fevereiro deste ano.

Diante da falta de verba e da alta proporção de não recenseados, o Governo Federal decidiu, em 2023, fazer uma suplementação orçamentária de R$ 259 milhões. O Ministério do Planejamento e Orçamento (MPO) também decidiu seguir a recomendação do Conselho Consultivo do IBGE, formado por ex-presidentes do órgão, demógrafos e acadêmicos, e estender a coleta de dados até o fim de maio.

SENSIBILIZAÇÃO – A pesquisa domiciliar percorreu todos os 5.570 municípios brasileiros. Mas foram necessárias diversas ações de sensibilização de populações de baixa e alta renda sobre a importância de responder às perguntas. Para reverter a situação, o MPO e o IBGE promoveram mutirões, principalmente nas localidades onde a pesquisa não estava avançando.

A estratégia envolveu favelas, condomínios de luxo e brasileiros na Terra Indígena Yanomami, que ainda não tinham sido recenseados. O mutirão também foi essencial para atualizar a população indígena no Brasil, estimada em mais de 1,65 milhão de pessoas, segundo balanço parcial apresentado em abril. O número completo será divulgado em julho, quando o IBGE apresentará um balanço específico do Censo 2022 para a população indígena.

NÃO RESPOSTA — A “taxa de não resposta” é uma informação registrada a partir da situação em que o morador que não atende ao recenseador. No Censo 2010, esse índice foi de 1,57%. Em 2022, o recenseamento assinalou uma média de 4,2%. A taxa foi puxada para cima por São Paulo, que contrasta com os demais estados: 8,1% de não resposta. O segundo com maior taxa de não resposta foi o Rio de Janeiro, com 4,5%, seguido pelo Mato Grosso (4,3%).

Associada à taxa de não resposta existe ainda a taxa de recusa. São Paulo também foi o estado com a maior recusa em responder ao Censo. Entre os paulistas, 4,85% não receberam os recenseadores responsáveis pela coleta. No Brasil, a taxa é de 2,6%.

O foco da resistência a recenseadores se concentrou em condomínios de luxo, em especial nas três capitais: São Paulo, Rio de Janeiro e Cuiabá. É prevista em Lei uma multa de até dez salários mínimos para quem se recusa a responder o censo, mas o IBGE apostou em campanhas, mobilização e mutirões para superar essa barreira.

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Ação Social

No primeiro ano de governo, 24,4 milhões deixam de passar fome

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Insegurança alimentar e nutricional grave cai 11,4 pontos percentuais em 2023, numa projeção a partir de informações da Escala Brasileira de Segurança Alimentar (EBIA), divulgada pelo IBGE com base na PNAD Contínua

Cozinhas solidárias, programas de transferência de renda, retomada do crescimento e valorização do salário mínimo compõem a lista de ações que contribuem para a redução da fome no país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

No Brasil, 24,4 milhões de pessoas deixaram a situação de fome em 2023. O número de pessoas que enfrentam a insegurança alimentar e nutricional grave passou de 33,1 milhões em 2022 (15,5% da população) para 8,7 milhões em 2023 (4,1%). Isso representa queda de 11,4 pontos percentuais numa projeção feita a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada nesta quinta-feira, 25 de abril, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula” Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome

Na coletiva de imprensa para divulgação do estudo, o ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), avaliou que o avanço é resultado do esforço federal em retomar e reestruturar políticas de redução da fome e da pobreza. “O amplo conjunto de políticas e programas sociais reunidos no Plano Brasil Sem Fome, a retomada do crescimento da economia e a valorização do salário mínimo são alguns fatores que recolocam o país em lugar de destaque da agenda de combate à fome no mundo. Tirar o Brasil novamente do Mapa da Fome é do presidente Lula”, disse.

Para o ministro, o grande desafio agora é incluir essas 8,7 milhões de pessoas que ainda estão em insegurança alimentar grave em políticas de transferência de renda e de acesso à alimentação. “Vamos fortalecer ainda mais a Busca Ativa”, completou Dias, em referência ao trabalho para identificar e incluir em programas sociais as pessoas que mais precisam.

PESQUISA — As informações divulgadas nesta quinta são referentes ao quarto trimestre do ano passado. Foram obtidas por meio do questionário da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). O ministro lembrou que o governo passado não deu condições ao IBGE para realizar a pesquisa. Por isso, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan) aplicou o EBIA com metodologia similar à do IBGE em 2022, quando o Brasil enfrentava a pandemia de Covid-19 e um cenário de desmonte de políticas, agravado por inflação de alimentos, desemprego, endividamento e ausência de estratégias de proteção social. Esse estudo chegou ao número de 33,1 milhões de pessoas em segurança alimentar grave na época.

A secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS, Valéria Burity, lembra que mesmo em comparação aos resultados de 2018, último ano em que o IBGE fez o levantamento formal, os números apresentados nesta quinta são positivos. À época havia 4,6% de domicílios em insegurança alimentar grave. Agora são 4,1%, o segundo melhor resultado em toda a série histórica do EBIA.

“Estamos falando de mais de 20 milhões de pessoas que hoje conseguem acesso à alimentação e estão livres da fome. Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que vem sendo empreendida pelo governo, que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda”.

Esses resultados mostram o acerto de uma estratégia de enfrentamento à fome que é apoiada tanto em programas sociais como na condução de uma política econômica que gera crescimento econômico, reduz desigualdades e gera acesso a emprego e renda” Valéria Burity, secretária extraordinária de Combate à Pobreza e à Fome do MDS 

Valéria também destacou como ponto importante da estratégia de combate à fome a retomada da governança de segurança alimentar pelo Governo Federal, com garantia de participação social. “O presidente Lula e o ministro Wellington foram responsáveis pela retomada do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional, a restituição do Conselho de Segurança Alimentar e da Câmara de Segurança Alimentar, com 24 ministérios que têm a missão de articular políticas dessa área. E, no fim do ano passado, foi realizada a Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional”, relatou.

A secretária nacional de Avaliação, Gestão da Informação e Cadastro Único do MDS, Letícia Bartholo, ressaltou o retorno da parceria do governo com o IBGE. “Depois do período da fila do osso, em que o Brasil viveu muita miséria e fome, uma das primeiras ações do MDS nessa nova gestão foi buscar o IBGE para retomar a parceria e medir a insegurança alimentar dos brasileiros”, recordou.

SUBINDO – A proporção de domicílios em segurança alimentar atingiu nível máximo em 2013, (77,4%), tempo em que o país deixou o Mapa da Fome, mas caiu em 2017-2018 (63,3%). Em 2023, subiu para 72,4%. “Após a tendência de aumento da segurança alimentar nos anos de 2004, 2009 e 2013, os dados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução no predomínio de domicílios particulares que tinham acesso à alimentação adequada. Em 2023 aconteceu o contrário, ou seja, houve aumento da proporção de domicílios em segurança alimentar, assim como redução na proporção de todos os graus de insegurança alimentar”, explicou André Martins, analista da pesquisa.

 

Dados apontam a evolução da segurança alimentar no Brasil

 

NOVO BOLSA FAMÍLIA — Entre os fatores que contribuíram para o avanço apontado pela pesquisa do IBGE, está o novo Bolsa Família, lançado em março de 2023, que garante uma renda mínima de R$ 600 por domicílio. O programa incluiu em sua cesta o Benefício Primeira Infância, um adicional de R$ 150 por criança de zero a seis anos na composição familiar. O novo modelo, com foco na primeira infância, reduziu a 91,7% a pobreza nesta faixa etária. A nova versão do programa inclui, ainda, um adicional de R$ 50 para gestantes, mães em fase de amamentação e crianças de sete a 18 anos.

BPC – O ministro Wellington Dias também ressaltou a proteção social gerada pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC), que garante um salário mínimo para pessoas aposentadas, pensionistas e com deficiência em situação de vulnerabilidade social. “Vale mencionar que o efeito econômico da Previdência e do BPC foi potencializado pelo esforço administrativo de reduzir as filas de espera para acesso aos benefícios”, disse.

MERENDA – Outra política de combate à pobreza e à fome, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) garante refeições diárias a 40 milhões de estudantes da rede pública em todo o país e foi reajustado em 2023, após cinco anos sem aumento.

PAA – O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) é um dos 80 programas e ações que compõem a estratégia do Plano Brasil Sem Fome. Ele assegura produção e renda aos agricultores familiares, com compra direta dos produtos para serem distribuídos na rede socioassistencial, de saúde, educação e outros equipamentos públicos. Com a participação de 24 ministérios, o Plano cria instrumentos para promover a alimentação saudável contra diversas formas de má nutrição.

ECONOMIA – No cenário macroeconômico, houve um crescimento do PIB de 2,9% e o IPCA calculado para o grupo de alimentos caiu de 11,6% em 2022 para 1,03% em 2023. É a menor taxa desde 2017.  O mercado de trabalho ganhou força e a taxa de desemprego caiu de 9,6%, em 2022, para 7,8% no ano seguinte. A massa mensal de rendimento recebido de todos os trabalhadores alcançou R$ 295,6 bilhões, maior valor da série histórica da PNAD-C.

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