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BNDES lucra R$ 5,3 bilhões no 2º trimestre de 2021

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) divulgou hoje (12) o relatório com os resultados financeiros do segundo trimestre de 2021. A instituição registrou um lucro contábil de R$ 5,3 bilhões entre abril e junho. Trata-se de uma queda de 46% na comparação com o trimestre anterior. Por outro lado, supera o mesmo período de 2020, quando houve prejuízo de R$ 580 milhões, em meio aos impactos do início da pandemia de covid-19.

O desempenho teve influência dos ganhos com a carteira de renda variável. Somente os dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) distribuídos por empresas como a Petrobras e a Eletrobras geraram uma receita de R$ 1,3 bilhão. Além disso, o BNDES obteve R$ 2,1 bilhões com a venda de debêntures da Vale e R$ 500 milhões com negociação de ações da Klabin.

Desde 2019, o banco vem implementando uma política de redução das participações societárias e se desfazendo de papeis com o objetivo de reforçar o caixa para investimentos e de reduzir a exposição aos riscos do mercado. No primeiro trimestre deste ano, o lucro contábil de R$9,81 bilhões já havia sido influenciado pela alienação de ações da Vale e da Klabin, que resultou num ganho de R$ 7 bilhões.

Atualmente, o BNDES possui R$ 78,2 bilhões em participações societárias. Sua carteira de ações é composta por 41% de papeis da Petrobras, 23% da JBS, 15% da Eletrobras, 5% da Copel e 16% de outras companhias.

O saldo positivo acumulado nos primeiros seis meses do ano alcançou R$ 15,1 bilhões. Trata-se de um aumento de 202% na comparação com o primeiro semestre de 2020. No entanto, se for considerado apenas o lucro recorrente, que desconsidera ganhos extraordinários como os obtidos na venda de participações societárias, o crescimento foi de 26%: saiu de R$ 3,79 bilhões para R$ 4,78 bilhões.

“A venda de ações influencia momentaneamente o resultado contábil do lucro. Mas estamos indicando como uma média de resultado recorrente de R$2,4 a R$2,5 bilhões por trimestre como sendo resultado de operações do BNDES”, diz a diretora de finanças Bianca Nasser.

O relatório aponta ainda que o patrimônio líquido do BNDES é de R$ 122,3 bilhões, um aumento de 8,2% em relação a dezembro do ano passado. Também registra que, entre janeiro e julho de 2021, foram pagos R$ 54,5 bilhões em dívidas com o Tesouro Nacional.

De acordo com o banco, a dívida atual é de R$151,3 bilhões. Parte desse valor diz respeito a aportes do Tesouro Nacional entre 2008 e 2014. Um cronograma de melhores esforços para o pagamento entregue em março ao Tribunal de Contas da União (TCU) prevê que, até o final do ano, sejam quitados mais R$45,5 bilhões e, em 2022, R$54,2 bilhões. Além da dívida, no segundo trimestre de 2021, houve também o repasse de R$ 21,4 bilhões ao Tesouro Nacional, referente a pagamentos ordinários, dividendos e tributos. 

Estratégia

Para Gustavo Montezano, presidente do BNDES, o resultado mostra a materialização das decisões que o banco vêm adotando há dois anos. “A nossa estratégia passa por diversificação, cada vez mais atuando com uma pluralidade de produtos e serviços. O banco passou de um operador muito concentrado em monoproduto e cada vez mais amplia sua quantidade de ferramentas para gerar impacto social e ambiental”, disse.

Segundo Montezano, a operação mais marcante do segundo trimestre foi o leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), concluído no dia 30 de abril. Três dos quatros blocos em que ela foi dividida foram arrematados por R$ 22,6 bilhões. O edital de concessão foi elaborado pelo BNDES.

O desembolso para operações de créditos no segundo trimestre alcançou R$ 12,6 bilhões, sendo R$ 5 bilhões para o setor de infraestrutura, R$ 2,8 bilhões para comércio e serviços, R$ 2,8 bilhões para a indústria e R$2 bilhões para a agropecuária. Do total, 40% foi destinado às micro, pequenas e médias empresas: a participação delas na carteira de crédito do BNDES atingiu 22% no fim do trimestre, somando R$ 98 bilhões.

Outra iniciativa relatada pelo banco foi a participação inédita na estruturação de debêntures de infraestrutura. As emissões serão voltadas para o refinanciamento da termelétrica UTE GNA I. Localizada no Porto do Açu, no município de São João da Barra (RJ), a usina movida por gás natural terá potencial para gerar 1,3 mil megawatts, suficiente para atender cerca de 6 milhões de residências. “Participamos não só como estruturadores, mas também como investidores numa emissão com prazo de 18 anos e na qual o BNDES aportou 550 milhões de investimento”, explica Bianca.

Sustentabilidade

O BNDES anunciou ontem (11) sua adesão formal ao Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem o intuito de promover dez princípios nas áreas de meio ambiente, direitos humanos, trabalho e anticorrupção e de engajar as empresas no avanço dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Os relatórios financeiros do banco buscam agora descrever os impactos das medidas adotadas.

“Como já apresentado no trimestre anterior, conseguimos reportar os impactos em todas as ODS e 77% dos desembolsos no segundo trimestre de 2021 têm algum tipo de impacto nas ODS. Continuamos a destacar a eficiência energética, a geração de empregos e a inovação em indústria, mas vimos também um crescimento significativo no item referente a impactos climáticos, muito impulsionado pelo nosso apoio ao setor de energias renováveis”, diz Bianca.

De acordo com o BNDES, 56,3% da carteira de crédito estão vinculados a projetos que apoiam a economia verde e o desenvolvimento social. O banco afirma que as entregas realizadas no primeiro semestre envolvem 958 quilômetros de rodovias implantadas, duplicadas ou modernizadas e 2,6 gigawatts de energia renováveis, incluindo 472 megawatts de energia eólica e 701 megawatts de energia solar.

Edição: Aline Leal

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BNDES volta a reduzir juros de linha para exportações brasileiras e torna melhorias permanentes

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Medida do Plano mais Produção do BNDES amplia a competitividade da indústria nacional no mercado externo, principalmente das empresas de micro, pequeno e médio porte. Novas condições passam a ser permanentes para a linha Exim Pré-Embarque, após os resultados obtidos com as reduções temporárias em 2023 e no início de 2024.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) promoveu nova redução de juros no BNDES Exim Pré-Embarque, linha de crédito que financia a produção de bens nacionais voltados à exportação. As melhorias no produto também passam a ser permanentes, já que deixam de existir duas limitações: um orçamento restrito a R$ 2 bilhões para operações com os juros mais baixos e teto de R$ 150 milhões em financiamentos ao ano por cliente.

No caso das micro, pequenas e médias empresas, o spread (remuneração que o cliente paga ao BNDES ao obter um financiamento) de 0,5% ao ano passa a ser fixo. Essa taxa vigorou durante curto período no início deste ano, mas, fora das condições especiais que agora se tornam perenes, essa remuneração do BNDES poderia chegar a até 1,30% a.a.

No caso das grandes empresas, a nova remuneração do Banco fica limitada a 0,8% ao ano, se o financiamento for para exportação de bens de capital (produtos industrializados de maior valor agregado), ou 1,05% a.a., se o produto a ser exportado for bens de consumo. Nas antigas condições do BNDES Exim Pré-Embarque, essas taxas eram de, respectivamente, 1,05% a.a. e R$ 1,30% a.a.

“Mais de 90% do mercado mundial está fora do Brasil, por isso, baratear o custo do financiamento das exportações de empresas brasileiras é fundamental para que a indústria tenha condições de ampliar mercados, ganhar escala e ser mais competitiva. E o resultado é todo em benefício do país, com geração de emprego e de renda, objetivos centrais do governo do presidente Lula”, Aloizio Mercadante.

Mais de 90% do mercado mundial está fora do Brasil, por isso, baratear o custo do financiamento das exportações de empresas brasileiras é fundamental para que a indústria tenha condições de ampliar mercados, ganhar escala e ser mais competitiva. E o resultado é todo em benefício do país, com geração de emprego e de renda, objetivos centrais do governo do presidente Lula” Aloizio Mercadante, presidente do BNDES

O diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do Banco, José Luis Gordon, ressaltou ainda que “a ampliação do apoio à exportação é um dos objetivos que compõem a Estratégia de Longo Prazo do BNDES e que a redução do spread nas linhas de pré-embarque compõe um dos eixos do Programa Nova Indústria Brasil, do Governo Federal”.

As novas condições são válidas tanto para operações diretas (realizadas pelo cliente diretamente com o BNDES e que precisam ter um valor mínimo de R$ 20 milhões) quanto para as chamadas operações indiretas (aquelas que não possuem valor mínimo e que são realizadas por meio de um agente financeiro intermediário, a exemplo de bancos comerciais ou de montadoras).

CUSTO FINANCEIRO — Além dos novos spreads do BNDES, o custo financeiro total das operações do produto BNDES Exim Pré-Embarque é composto do custo financeiro (que pode ser TLP, Selic, ou SOFR, por exemplo) mais o spread de risco. No caso das operações indiretas, o spread de risco é substituído por uma taxa de 0,15% ao ano. Para esses casos, há também a remuneração do agente financeiro que é negociada diretamente entre esse e o exportador.

Em termos históricos, o BNDES Exim Pré-embarque já atendeu a mais de 1.500 empresas exportadoras brasileiras, tendo desembolsado mais de US$ 60 bilhões no período. Utilizado pelos produtores nacionais como forma de reduzir o custo de capital de giro para produção, a linha aumenta a competitividade das empresas brasileiras no mercado internacional e é o produto voltado à exportação mais acessado do Banco, tanto em valor desembolsado quanto em número de companhias nacionais apoiadas.

Além da pulverização dos recursos entre mais empresas, o BNDES Exim Pré-embarque também contribui para desenvolver a cadeia produtiva nacional, uma vez que o financiamento fornecido pelo BNDES exige um conteúdo nacional mínimo nos bens a serem comercializados no exterior.

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