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Após desabamento, prefeitura de Itapecerica da Serra interdita empresa

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A prefeitura de Itapecerica da Serra informou hoje (21) que a empresa de contêineres Multiteiner foi interditada após o desabamento ocorrido ontem (20) e que provocou a morte de nove pessoas.

“A empresa já está interditada. Ela precisa estar interditada. Se houve um desabamento e ela continuar em funcionamento, ela estaria mais uma vez irregular. A fiscalização já foi lá e a interditou”, disse nesta quarta-feira Leonel Novais, secretário municipal de Planejamento e Meio Ambiente. Segundo ele, o prazo de interdição é indeterminado.

O acidente, ocorrido por volta das 8h55 de ontem (20) em uma das sedes da empresa, na Estrada Ferreira Guedes, provocou a morte de nove pessoas. Mais 28 pessoas precisaram ser socorridas para hospitais da região e três ficaram feridas de forma leve.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, uma parede localizada dentro do auditório da empresa teria desabado. No momento da ocorrência, cerca de 64 pessoas estavam no local participando de uma reunião com políticos. Um dos políticos era Jones Donizetti, candidato a deputado estadual pelo Solidariedade, que ficou ferido no acidente. Em suas redes sociais, o político informou que foi convidado a conhecer a empresa e estava se despedindo dos trabalhadores quando parte da estrutura de concreto do auditório onde estavam se rompeu, deixando-os presos nos escombros.

“Lá era uma laje pré-montada e, detalhe, era um auditório de treinamento”, disse Novais. Segundo o secretário, a prefeitura ainda não tem conhecimento sobre quem organizou o evento, lotando uma área que era destinada a ser apenas um local de treinamento. “Foi uma grande irresponsabilidade de quem teve coragem de fazer esse evento. Uma coisa é você subir dez pessoas [na estrutura]. Outra coisa é subir 100 ou 200 pessoas de uma única vez. Temos que buscar responsabilizar quem pediu e quem organizou esse evento”, disse.

“Um detalhe importante é que, quem organizou o evento, quem planejou o evento, não teve a menor preocupação de se atentar com as questões de segurança do local porque colocou um número significativo de pessoas de uma única vez. Detalhe: para que um evento dessa magnitude pudesse acontecer em Itapecerica era preciso entrar com um requerimento de autorização para que pudéssemos vistoriar e dar a autorização da permissão do evento. Mas nada disso aconteceu: nem por parte da empresa nem por parte dos organizadores”, acrescentou o secretário.

Hoje, durante entrevista coletiva, o diretor da Defesa Civil de Itapecerica da Serra, Josiel de Almeida, disse que, logo após a reunião no auditório, que ficava em uma espécie de mezanino, os funcionários foram se reunir em uma área destinada ao café, que ficava ali ao lado. E foi então que a estrutura desabou. “Com base em informações de quem estava dentro do prédio, após a reunião as pessoas se concentraram no local do café. E nessa concentração em excesso, o piso veio a ceder”, falou ele.

As causas do acidente ainda estão sendo apuradas. “Estamos com equipes da Defesa Civil no local. A empresa e os funcionários já foram orientados sobre a movimentação no local. Ainda está sendo feito o processo de vistoria”, falou Almeida.

Irregularidades

Em entrevista coletiva concedida na tarde de hoje, o secretário de Planejamento e Meio Ambiente informou que a empresa fez mudanças no projeto original que foi entregue para ser regularizado. Essas mudanças estavam então irregulares, ou seja, ainda não haviam sido regularizadas pelos órgãos públicos.

Para poder funcionar, uma empresa precisa regularizar sua documentação junto aos órgãos públicos. Ela precisa, por exemplo, do Habite-se, um documento expedido pela prefeitura que comprova que a obra está regular, ou seja, que o imóvel foi reformado ou construído de acordo com as normas legais do município onde ela está inserida. Além disso, ela precisa ter o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (ACVB), um documento emitido pelo Corpo de Bombeiros e que certifica que, durante a vistoria, a edificação possuía as condições de segurança para funcionamento. E como a Multiteiner está localizada dentro de uma área de preservação ambiental, ela ainda precisava de uma aprovação da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).

No caso da Multiteiner, explicou o secretário, ela havia solicitado aprovação do projeto de construção em 2008 junto à Cetesb. “Mesmo a Cetesb tendo aprovado em 2008, o empresário executou a obra totalmente fora do padrão e dos parâmetros determinados pela Cetesb”, disse ele.

Além de mudanças no projeto que havia sido aprovado, a empresa também modificou a sua função.

“Essa obra foi aprovada em 2008 por um outro proprietário, que não era esse. Ele aprovou um projeto na Cetesb, mas esse imóvel acabou sendo negociado com a atual Multiteiner. E a Multiteiner realizou mudanças [no imóvel] ao longo do tempo. O projeto que foi inicialmente aprovado pela outra empresa, inclusive era um projeto de galpões comerciais. E quando foi pedida a vistoria, foi visto que [a nova empresa] estava em desacordo. Na época da vistoria, em 2017, se não me falha a memória, ela não só estava em desacordo como também não tinha sido completamente executada”, explicou Marcelo Motta, arquiteto da prefeitura.

“Entre 2017 e 2019, notificamos várias vezes a empresa porque ela está em área de proteção de mananciais. Para o tamanho da empresa, havia necessidade de aprovação preliminar da Cetesb para que depois pudéssemos analisar as leis municipais. O que aconteceu foi que, como eles alteraram a destinação de galpão comercial para industrial, eles excederam nossa capacidade de licenciamento. E aí notificamos a empresa para que ela se dirigisse à Cetesb e corrigisse a aprovação anterior que eles tinham, de galpão comercial para industrial e adequassem o projeto porque você muda a categoria de licenciamento quando se passa de comercial para industrial. Você passa a ter necessidade de licenças de instalação, de funcionamento, etc”, falou o arquiteto. “E esse processo ainda não havia retornado [da Cetesb] para nós [da prefeitura]”.

Segundo o arquiteto, o auditório que desabou ontem, por exemplo, não fazia parte do projeto inicial. “Ele alterou não só o prédio como a finalidade do prédio, de comercial para industrial. O auditório onde ocorreu o sinistro era uma sala de treinamento. Não tínhamos essas informações. Se era uma sala de treinamento e você a utiliza como um auditório, dependendo da capacidade do número de pessoas, você pode provocar um sinistro”, falou o arquiteto.

Procurada pela EBC, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) informou que é responsável por analisar as questões ambientais e os índices ocupacionais do imóvel, como área permeável e edificada, e que não avalia “questões estruturais e a utilização do espaço para eventos públicos ou privados”. Essas questões, disse a Cetesb, deveriam ter sido analisadas pela prefeitura. “A Cetesb não avalia lotação de auditório ou salas públicas ou privadas”, informou o órgão.

Segundo a Cetesb, houve necessidade de regularização do imóvel junto ao órgão porque ele está inserido em uma área de proteção e recuperação de mananciais. “E, portanto, o uso do solo no local está sujeito à obtenção do Alvará de Licença Metropolitana junto à Cetesb”, disse ela, em nota. A Multiteiner, informou a Cetesb, possuía essa aprovação para uso do local, mas atualmente estava em avaliação um outro pedido de licenciamento com vistas à regularização do empreendimento. Segundo a Cetesb, tratavam-se de pendências administrativas ambientais.

Por meio de nota publicada em suas redes sociais, a Multiteiner disse lamentar “profundamente o ocorrido” e que foi surpreendida “pelo rompimento da estrutura, cuja razão ainda é desconhecida”. Segundo a empresa, seus colaboradores estavam reunidos no auditório para iniciar mais um dia de trabalho. “Informamos que todas as medidas estão sendo adotadas para apurar e esclarecer todo o ocorrido. Contudo, neste momento, estamos priorizando o apoio e a assistência aos nossos colaboradores e seus familiares”, disse ela, em nota.

O acidente está sendo investigado pela Polícia Civil. O Ministério Público de São Paulo informou hoje que vai acompanhar as investigações.

Edição: Bruna Saniele

Fonte: EBC Geral

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“Mais de R$ 14 bilhões do Novo PAC são destinados para mobilidade urbana sustentável”, afirmou ministro Jader Filho

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Qualidade de vida dos brasileiros com transporte público mais eficiente, mais ágil e menos poluente foi destaque do discurso de comemoração da CNT

Durante a celebração dos 70 anos da Confederação Nacional do Transporte (CNT), realizada nesta quarta-feira (19), o ministro das Cidades, Jader Filho, ressaltou que os investimentos do Novo PAC dão a dimensão da importância da Mobilidade Urbana  para o Ministério das Cidades e para o governo do presidente Lula.

“Anunciamos recentemente mais de R$ 14 bilhões  do Novo PAC para a mobilidade urbana sustentável. São recursos destinados à conclusão de obras em andamento e à seleção de novos projetos em cidades de médio e grande porte do País”, afirmou Jader Filho.

Outro destaque foi o programa Refrota em que serão destinados  R$ 10,5 bilhões com  a expectativa de substituir cerca de 5.350 equipamentos antigos por veículos muito mais eficientes e menos poluentes, em 98 municípios brasileiros, incluindo 2.292 ônibus elétricos, 3.019 ônibus Euro 6 e 39 veículos sob trilhos.

“A operação tem como mote a integração da eficiência energética com o baixo consumo de combustível, contribuindo assim com a redução das emissões de CO2”, garantiu.

Durante o evento, que contou com uma mesa integrada por representantes de todos os Poderes da República, o ministro Jader Filho disse que “o Brasil é favorecido por ter uma entidade tão necessária para o seu desenvolvimento como a CNT. Sempre foi uma parceira do ministério na construção das políticas e no diálogo construtivo com o Governo Federal.  Juntos, construiremos um futuro mais sustentável e eficiente”.

O presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, afirmou que a CNT representa a voz de uma atividade indispensável para o progresso brasileiro. “Não restam dúvidas de que investir no transporte é uma aposta assertiva e certeira no crescimento econômico, na geração de empregos e na melhoria da qualidade de vida da população”, falou.

Sob o lema O Transporte Move o Brasil, a Confederação intensificou a defesa dos interesses dos transportadores brasileiros, junto ao Executivo, ao Legislativo e ao Judiciário. “Isso porque temos a consciência da necessária união de esforços, envolvendo os poderes públicos e a sociedade, para avançar em uma agenda de aprimoramento das políticas públicas de infraestrutura, de modernização do ambiente negocial e do arcabouço regulatório nacional”, explicou Vander.

O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, elencou a atuação conjunta de importantes atores, como a CNT, vêm mudando cenários no Brasil.

Alckmin citou a melhoria da condição das rodovias, o Programa Mover, voltado à renovação da indústria automotiva, e a reforma tributária, que, segundo ele, trará mais eficiência econômica.

“O PIB pode crescer mais com a reforma tributária, que desonera totalmente o investimento e a exportação”, disse. Nesse sentido, ele fez um contraponto entre o mundo e o Brasil. “O volume de comércio exterior do mundo cresceu 0,8% e o do Brasil, 8%. Nós crescemos 10 vezes mais que a média mundial”.

Para esse resultado, “o transporte e a logística são essenciais, assim como o trabalho da CNT. Estou muito feliz de estar aqui na celebração dos 70 anos da entidade”, concluiu.

Também estiveram presentes na cerimônia os ministros de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e o secretário- executivo do Ministério dos Transportes, George Palermo Santoro.

*Com informações da Agência CNT Transporte Atual

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