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Cidade de Goiás celebra hoje 20 anos do título de Patrimônio Mundial

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Às margens do Rio Vermelho, na histórica Cidade de Goiás (GO), a 140 km de Goiânia e a 320 km de Brasília, Ana Luísa Guimarães, de 87 anos, realizou nesta semana um sonho de vida. Ela e a família, que vivem em Anápolis (GO), visitaram o “mundo”, a cidade, a rua e a casa onde viveu uma célebre xará, a escritora Anna Lins dos Guimarães Peixoto, conhecida como Cora Coralina. Ana Luísa fez a viagem por ocasião da celebração dos 20 anos do título de Patrimônio Mundial para a primeira capital de Goiás, município que foi formado como passagem do ciclo do ouro.

De 14 a 16 de dezembro de 2001, a cidade entrou em festa quando recebeu a notícia direto de Helsinque (Finlândia), da 25ª Conferência da Unesco, que o local passaria a ser Patrimônio Cultural Mundial. Vinte anos depois, a população vilaboense (o adjetivo remonta às origens do lugar Vila Boa de Goiás) de cerca de 25 mil pessoas recorda, com celebrações a partir desta terça (14), a novidade, o legado e a responsabilidade que o título ocasionou.

A partir das 6h, a cidade ouviu uma alvorada com desfile militar e civis pelas ruas do sítio histórico. A partir das 11h, outro evento de homenagens ocorre no Santuário do Rosário, para recordar o título. A celebração feita pelo Instituto Biapó (que se destina a preservar a memória do lugar) e o Museu Casa de Cora Coralina tem apelo musical.

No dia anterior à festa, o afinador de piano Julio Soares Dias, de 55 anos, cuidava de cada detalhe para que todas as notas ecoassem sem qualquer problema. Com um diapasão (peça em formato de forquilha), ele sincroniza o som. “Nesta cidade, tem 19 pianos. As pessoas aqui amam a arte. É muito gratificante poder colaborar de alguma forma”. Na hora do evento, ele assiste atento às apresentações. “Sou como um mecânico de Fórmula 1 que fica pronto para qualquer eventualidade”.

Para o coordenador do Instituto Biapó, o produtor cultural PX Silveira, os moradores da cidade estão imersos em um cenário em que é necessário preservar a cultura. “Poetas, músicos e produtores anônimos veem-se realmente como parte dessa conquista”.

À noite será oportunidade de conferir a iluminação para 10 locais turísticos e históricos para dar visibilidade a esses marcos. Ainda nesta terça começa também o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), com 65 trabalhos (a serem exibidos presencialmente e também pela internet). A mostra é exibida até o dia 19.

A cidade respira o momento. A ponte que leva ao Museu de Cora Coralina foi pintada e iluminada. Donos das casas abriram as portas para que os visitantes conheçam por dentro. Trabalhadores cuidam para cortar e limpar o mato. Entre eles, João Conceição, de 56 anos, que atua na capinagem. Além do serviço, o que faz os olhos dele brilharem mesmo é quando fala das suas atividades de artista: ele atua como farricoco no fogaréu da Semana Santa, dança a congada e a catira.“Faz parte da nossa alma atuar”, diz. Emocionado, lamenta que os piores momentos da pandemia tiraram dele a chance de estrelar.

Quem vive na Cidade de Goiás sabe que o dossiê que elevou o patamar do local teve pilares na cultura, arquitetura e no meio ambiente.“O casario é famoso, mas o grande patrimônio está nas pessoas daqui”, diz a secretária de cultura, Raíssa Coutinho. 

Para o secretário de Turismo, Rodrigo Santana, as ações que eliminaram os garimpos na década de 1980 e a sensibilização para as áreas de proteção ambiental nas serras que emolduram a cidade, foram fundamentais para a conquista do título. “O desafio agora é cuidar para que a cidade seja protegida. Antes da pandemia, eram cerca de 500 mil visitantes por ano. “Estamos retomando as atividades”. Para os gestores municipais, é necessário formar os cidadãos a partir da escola para que tenham o sentido de pertencimento.

No festival de cinema, esse pertencimento estará iluminado na tela com filmes também de diretores locais. O pesquisador em geografia João Dorneles, de 24 anos, exibe na quarta, em um curta, a história da formação de um espaço quilombola em A rua do chupa osso, no século 18. “É o nosso lugar. Precisamos contar nossas histórias”.

A professora de Direito Silvana Beline, de 56 anos, filmou, em documentário, a história de uma trabalhadora camponesa (Rosângela Piovesani) atuante que se tornou universitária. O filme “Primavera Púrpura tem 72 minutos. “É uma responsabilidade muito grande trazer a história dela. Mas me deixa muito feliz. Aqui pulsa a arte”, garante.

Edição: Valéria Aguiar

Fonte: EBC Geral

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CPI ouve integrantes da Operação Penalidade Máxima, do MP goiano

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Jorge Kajuru e Romário querem informações sobre a operação, que investiga fraudes no futebol em Goiás

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas (CPIMJAE) vai ouvir nesta terça-feira (11), às 14h, dois integrantes do Ministério Público de Goiás (MP-GO) sobre denúncias de manipulação de resultados no futebol. Os requerimentos (REQs 11/2024 e 14/2024 – CPIMJAE) foram apresentados pelos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Romário (PL-RJ), respectivamente presidente e relator da CPI.

O procurador-geral do MP goiano, Cyro Terra Peres, falará como testemunha sobre as investigações de fraude em partidas de futebol no estado de Goiás, envolvendo apostadores e atletas, sobretudo quanto à Operação Penalidade Máxima. A operação do MP goiano investiga um grupo acusado de oferecer dinheiro para jogadores de futebol receberem punições em campo. Os integrantes do alegado esquema lucravam em sites de apostas esportivas.

“Como representante do Ministério Público responsável pela investigação, ele detém informações importantes que podem vir a contribuir para o esclarecimento dos fatos”, explica Kajuru.

A operação começou em novembro de 2022 com uma denúncia do presidente do Vila Nova Futebol Clube, Hugo Jorge Bravo, que também é policial militar. O time com sede em Goiânia teria descoberto a manipulação de resultados de três jogos da Série B do Campeonato Brasileiro para favorecer apostadores. Um então jogador do Vila Nova (Marcos Vinicius Alves Barreira, conhecido como Romário) teria sido ameaçado depois de não cumprir um acordo que lhe daria R$ 150 mil.

Em maio de 2023, o procurador entregou vários documentos sobre a investigação à CPI das Apostas Esportivas na Câmara dos Deputados. Segundo o requerimento, ele afirmou que os presidentes dos clubes envolvidos foram vítimas e que não havia evidências da participação dos árbitros no esquema criminoso.

Kajuru entende que um novo depoimento do procurador na CPI do Senado é fundamental para obter maiores informações sobre possíveis irregularidades cometidas por jogadores.

O outro depoente, o promotor Fernando Martins Cesconetto, foi convidado a pedido do senador Romário para falar sobre os desdobramentos da Operação Penalidade Máxima.

Cesconetto é integrante do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Goiás e foi um dos responsáveis pela operação. As investigações detalharam o modo de operação da quadrilha e ofereceram várias denúncias criminais à justiça.

Fonte: Agência Senado

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