Geral
Alunas de escola rural recebem doação de absorventes
É muito importante levar o conhecimento para meninas e meninos de um tema que é tabu. Queremos quebrar esse preconceito contra a menstruação”Rodrigo Barroso, subsecretário de Políticas para Crianças e Adolescentes da Sejus
O tema menstruação nunca havia sido debatido pela estudante Manuelle Bonifácio, de 12 anos, fora de casa. “Eu só tinha conversado sobre isso com a minha mãe”, diz a menina, que estuda no Centro Educacional Myriam Ervilha, em Água Quente, região rural do Recanto das Emas.
A escola foi a segunda da região administrativa a receber a campanha Dignidade Feminina, promovida pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) em parceria com outras setes secretarias do GDF. O programa consiste em levar conhecimento sobre o ciclo menstrual a estudantes das escolas públicas do DF, por meio de palestras e capacitações.
A iniciativa também arrecada doações de absorventes higiênicos para serem distribuídos na rede pública de ensino. “É muito importante levar o conhecimento para meninas e meninos de um tema que é tabu. Queremos quebrar esse preconceito contra a menstruação”, afirma Rodrigo Barroso, subsecretário de Políticas para Crianças e Adolescentes da Sejus.
Barroso explica que foram levados para a escola absorventes suficientes para 210 meninas. A conta é uma média de sete absorventes por dia por um período de sete dias. Ou seja, cada garota deve receber 49 absorventes. A distribuição fica por conta da própria unidade escolar. “Achamos mais interessante que o controle e a entrega sejam feitos pela escola. As meninas se sentem mais à vontade com as professoras”, completa Barroso.
“Também acho necessário sensibilizar os meninos. Só assim eles poderão tratar o tema de forma natural”Estela Vieira, vice-diretora do Centro Educacional Myriam Ervilha
Nathally Magalhães da Silva, 14 anos, conta que a escola chegou a ter absorventes disponíveis no banheiro. Mas a iniciativa acabou porque alguns não respeitavam. Por isso, ela acredita ser importante a campanha para falar da menstruação de forma natural no ambiente escolar. “É muito importante trazer esse assunto para a escola. Muitos meninos ficam só zoando as meninas”, comenta.
Para a vice-diretora do Centro Educacional Myriam Ervilha, Estela Vieira, a campanha serve para combater o desconhecimento em torno do tema. “Acho muito importante, em primeiro lugar, naturalizar o ciclo menstrual e a importância desse processo. Também acho necessário sensibilizar os meninos. Só assim eles poderão tratar o tema de forma natural”, avalia.
Palestras e capacitações
Mais do que uma campanha de arrecadação e distribuição de absorventes, a Dignidade Feminina aposta na disseminação de informação. Em toda escola por onde a iniciativa passa, ocorrem palestras sobre o tema.
No Centro Educacional Myriam Ervilha, o evento contou com as falas da enfermeira Julieta Nunes, coordenadora do programa Sua Vida Vale Muito, da Sejus, e da procuradora Maria Dionne de Araújo Felipe, à frente do movimento Tributo a Elas.
Coube a Julieta abordar as questões básicas da menstruação, por meio de uma linguagem lúdica e menos técnica. “Muitas meninas não sabem o que está acontecendo quando menstruam. Essa palestra é um autoconhecimento para elas. Além de ser uma informação para os meninos”, diz.
Já Dionne fez uma exposição sobre o conceito de pobreza menstrual, situação que é vivenciada por uma a cada quatro meninas, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). “Quando uma menina deixa de ir à escola por não ter absorventes, ali se inicia a desigualdade de gênero, que a acompanha durante muitos anos. Por isso, precisamos de políticas públicas para despertar uma consciência coletiva e evitar situações de vulnerabilidade como essa”, analisa.
A estudante Steffany Araújo Oliveira, 13 anos, concorda. “Acho bom podermos desenvolver mais esse tema. Os meninos precisam conhecer mais. Eles falam que é algo sujo, porque não têm conhecimento. Precisamos crescer com essa consciência”, afirma.
Após a passagem pelo Recanto das Emas, a iniciativa Dignidade Feminina segue para Planaltina. A expectativa é de que as escolas da região recebam os eventos a partir da primeira semana de novembro. Em cada instituição, a Sejus deixa panfletos e informes para que os professores continuem a campanha.
Geral
Ministério da Saúde já enviou 25 toneladas de medicamentos e insumos para atender população gaúcha
Ministério da Saúde já enviou um total de 25 toneladas de medicamentos e insumos para o Rio Grande do Sul. O objetivo é manter o estado abastecido durante a calamidade provocada pelas severas enchentes dos últimos dias.
A informação foi divulgada na tarde desta segunda-feira, 13 de maio, no Hospital Conceição, em Porto Alegre, durante entrevista coletiva para rádios regionais.
Cem kits de medicamentos e insumos – com capacidade para atender a até 1.500 pessoas durante um mês – chegaram nos últimos dias ao estado. Conhecido como kit emergencial, ele é composto por oito caixas que, somadas, pesam 250 kg. Além de remédios, o conjunto inclui também luvas, seringas, ataduras, etc.
Vale destacar que o volume não considera outros repasses de medicamentos, vacinas e insumos que estão sendo enviados para repor os estoques perdidos com as enchentes e os que já estavam previstos na rotina. A título de comparação, em todo o ano passado, foram distribuídos 106 kits para emergências no Brasil.
Durante o balanço, o secretário de Atenção Primária à Saúde, Felipe Proenço, detalhou a operação de hospitais de campanha no estado. Foi confirmado que a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) irá operar quatro hospitais de campanha no estado.
Um já funciona em Canoas, outro está sendo montado na capital gaúcha e um terceiro em São Leopoldo. A destinação da quarta unidade ainda será definida. Desde o início da calamidade no Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde já enviou recursos para 246 unidades de assistência.
ALERTA PARA GRIPE — O diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública (Desp) do Ministério da Saúde, Márcio Garcia, fez um alerta para doenças respiratórias. Com as aglomerações em abrigos e a temperatura baixando, a preocupação é com o aumento do número de casos de gripe e covid-19.
“A combinação é favorável para o aumento dessas doenças. As pessoas vacinadas vão estar mais protegidas. Diminuem as chances de adquirir a doença ou de evoluir para um caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave”, frisou.
NÚMEROS — Veja a seguir alguns números das ações no RS apresentadas durante a coletiva:
Balanço de atendimentos
- Total: 1.600 / Hospital Campanha (HCamp) de Canoas: 1034
- Equipes volantes: 548
- Encaminhamento ou transferência para outra unidade: 57
- Remoções aéreas: 25
- Atendimentos psicossociais: 22
Força de trabalho:
- 134 profissionais em atuação;
- 6 equipes volantes (13 enfermeiros + 9 médicos);
- 15 equipes aeromédicas (15 enfermeiros + 15 médicos);
- 62 profissionais no HCamp;
- 19 profissionais de gestão;
- 1 equipe psicossocial (5 psicólogas)
Recursos aplicados:
- Medida provisória (MP) de liberação de crédito extraordinário, editada pelo presidente Lula, no domingo (12), traz a liberação de R$ 861 milhões para ações de saúde primária e especializada, vigilância epidemiológica, assistência farmacêutica e contratação temporária de profissionais;
- Antecipação de R$ 40 milhões para compra de medicamentos;
- Antecipação do pagamento do piso aos profissionais de enfermagem do estado. O total do repasse é de R$ 30 milhões;
- Repasse, em parcela única, de R$ 63,1 milhões do Fundo Nacional de Saúde à Secretaria Estadual de Saúde e aos fundos municipais de saúde do Rio Grande do Sul;
- Liberação, de forma imediata, no dia 6 de maio, de R$ 534 milhões em emendas individuais de congressistas do Rio Grande do Sul para auxiliar os municípios do estado afetados pelas enchentes. As emendas estavam alocadas na área da Saúde.
IMUNOGLOBULINA — O Programa Nacional de Imunizações (PNI) enviará, nesta semana, 600 doses de imunoglobulina à população do Rio Grande do Sul. As imunoglobulinas são proteínas utilizadas pelo organismo para combater um determinado antígeno, como vírus e bactérias, por exemplo.
Além disso, o Ministério da Saúde também vai destinar 1,1 mil frascos de soro; 416 mil doses de vacinas contra hepatite A, raiva, poliomielite e influenza, e 134 mil doses de covid-19. A destinação de todos esses insumos foi debatida, nesta segunda-feira (13), durante reunião de monitoramento do Centro de Operações de Emergência (COE) para chuvas intensas e inundações na Região Sul.
“Neste momento, as síndromes respiratórias também passam a ser um problema. Por isso, estamos focados em proteger a população gaúcha. Precisamos de uma ação ativa para vacinar inclusive dentro dos abrigos”, afirmou, na reunião, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.
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