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Acolhimento, um olhar para o futuro do cidadão

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Ao olhar a fachada do Centro de Convivência do Riacho Fundo, ainda marcada pela inscrição Cose (antiga nomenclatura dada a essas unidades), a estudante de história Thaivone Sousa dos Santos, 22 anos, se emociona ao visualizar o espaço onde, durante cinco anos, participou de diversas atividades educativas. “Eu vejo esse local como uma oportunidade”, diz. “Foi onde aprendi a ter foco, interagir socialmente, evoluir pessoalmente e traçar um planejamento para minha vida”.

Thaivone Sousa dos Santos frequentou o Centro de Convivência do Riacho Fundo por cinco anos e elogia a atuação da equipe: “Foi onde aprendi a ter foco” | Foto: Divulgação/Sedes

Ela é exemplo de cerca de 80% das pessoas que passaram pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos da Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) e, atualmente, alcançaram o protagonismo. Esse dado faz parte de pesquisa interna realizada pela Casa Azul Felipe Augusto, instituição parceira do Governo do Distrito Federal (GDF) na prestação desse tipo de serviço.

Assim como Thaivone, que pretende alcançar o pós-doutorado em sua área, Jéssica Rodrigues, 25 anos, também adquiriu o controle da própria vida. A auxiliar administrativa da Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa) participou do serviço por cerca de cinco anos. Ela chegou à unidade na infância, logo após a perda da mãe.

“Quando eu entrei no Cose, estava bem vulnerável psicologicamente”, conta. “Aquele lugar, naquele momento, era o meu de refúgio. Graças às pessoas que trabalhavam lá, eu consegui enxergar outros horizontes. Entre outras coisas, aprendi que temos que ter amor pelo que fazemos. Assim, conseguimos ser os melhores.”

Ação abrangente

“Agora, é contar com o avanço da imunização das equipes para retomarmos a atuação presencial”Ana Paula Marra, secretária substituta de Assistência Social

A Sedes desenvolve esse trabalho em 17 centros de convivência, seis unidades do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e 18 organizações da sociedade civil (OSCs) parceiras de execução indireta, totalizando cerca de 4 mil participantes inscritos.

Tendo o Cras como porta de entrada, o público frequentador é composto por crianças a partir de 6 anos, jovens, adultos e idosos, inseridos em atividades embasadas em estratégias voltadas ao fortalecimento de vínculos afetivos, conquista da autonomia, empoderamento do cidadão e convívio social.

“Convivência é estar junto, mas como nos juntar em meio à pandemia?”, indaga a secretária de Desenvolvimento Social substituta, Ana Paula Marra. “Tivemos de nos reinventar para garantir a continuidade desse trabalho. Os educadores promoveram atividades remotas, teleatividades e eventos virtuais. Somente assim foi possível dar continuidade ao trabalho. Agora, é contar com o avanço da imunização das equipes para retomarmos a atuação presencial.”

De acordo com Ana Paula Marra, os frutos do trabalho realizado ao longo dos anos nos centros de convivência são colhidos constantemente. “Chegamos até as Olimpíadas”, enfatiza a secretária substituta, ao citar o atleta dos saltos ornamentais Kawan Figueiredo, medalhista Pan-Americano e representante do Brasil nos Jogos Olímpicos de Tóquio, descoberto por um educador no antigo Cose do Gama.

Convivência vital

Presidente da Casa Azul e uma das responsáveis pela pesquisa, Daise Lourenço Moisés, atualmente, atende cerca de duas mil crianças em sua instituição. No local, entre as atividades socioeducativas, promove-se inserção no mercado de trabalho e acompanhamento familiar. “A convivência desenvolve e consolida valores, sentimento de pertença e identidade regional, cria situações desafiadoras e estimulantes que permitem a construção e reconstrução de histórias de vida”, pontua.

Mãe de dois educandos com passagem pela Casa Azul, Glória Maria, de 34 anos, conta que os filhos participam de atividades no local há mais de dez anos. “Para mim, especialmente, foi importante, pois eu podia trabalhar sem ter de me preocupar com as crianças, pois sabia que elas estariam bem”, relara empreendedora. “Sem a Casa Azul, eles não teriam conquistado o nível de educação, profissionalismo e desenvolvimento que alcançaram””.

*Com informações da Sedes

Fonte: Governo DF

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Programa Cisternas avança e promove cidadania às famílias do Semiárido nordestino

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Nova etapa de execução é concretizada via convênio entre MDS e Consórcio Nordeste, no valor de R$ 311 milhões. Na área rural de Juazeiro (BA), os moradores estão otimistas com as novas possibilidades trazidas pelo acesso à água

No Semiárido nordestino, um sonho começa a ganhar forma. A retomada do Programa Cisternas vem enchendo a casa das famílias de esperança. Em meio às obras de uma cisterna para a produção de alimentos em sua propriedade, Jamile da Silva, 26 anos, faz planos para o futuro. A tecnologia de acesso à água, combinada com o recurso do Programa Fomento Rural, vai proporcionar a ela uma renda extra.

Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos” Jamile da Silva, produtora rural

A produtora mora na comunidade Pau Preto, zona rural de Juazeiro, ao norte da Bahia. “O Programa Cisternas é perfeito”, definiu Jamile, sorridente. São mais de 42 mil cisternas contratadas, a partir de convênio entre o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) e o Consórcio Nordeste. A parceria, formalizada em maio deste ano, contempla os nove estados nordestinos.

O investimento é de quase R$ 300 milhões do Governo Federal, por meio do MDS, e de outros R$ 12 milhões de contrapartida dos estados. O convênio prevê a instalação de 39 mil tecnologias de acesso à água para consumo humano e 2,89 mil sistemas para consumo animal e produção de alimentos. As famílias que recebem as cisternas para a produção de alimentos também são inseridas no Programa Fomento Rural, em um repasse de R$ 13,3 milhões pelo acordo.

Além de oferecer assistência técnica, o Fomento Rural transfere o valor de R$ 4,6 mil diretamente para os beneficiados. São grandes conquistas para Jamile da Silva, que pensa em alternativas de expansão produtiva, a partir do recurso, da cisterna concluída e da capacitação para trabalhar em novas culturas. Ela também quer melhorar as condições do local onde cria caprinos e ovinos, a começar pela construção de um teto para os animais.

“Essa cisterna vai me ajudar na atividade produtiva, vou saber que estou consumindo alimento saudável. E o Fomento vai me dar uma garantia de ter uma criação melhor, que eu preciso também, de caprinos e ovinos”, projetou Jamile, enquanto acompanha em detalhes o processo de construção da estrutura. Nascida e criada na zona rural, é nessa mesma terra em Juazeiro que ela quer continuar a escrever sua história.

A realidade que o Programa Cisternas desenha para as famílias é possível graças à retomada, em 2023, dos investimentos na ação. Trata-se de uma política pública que assegura o direito de acesso a água.

PERSPECTIVA — À sombra de uma árvore no quintal de casa, na comunidade Arapuá Novo, a produtora rural Maria Sonia Oliveira espera com tranquilidade o período de chuvas na região, quando será possível captar a água, armazenar e, finalmente, utilizá-la. Os 60 anos de vida, completados no último mês, são morando sobre o mesmo chão de terra em Juazeiro. Maria Sonia recorda da época em que a família não tinha cisterna em casa.

“A primeira cisterna foi um sonho, quando a gente conseguiu, há quase 20 anos. Porque a gente tinha uma dificuldade enorme de carregar a água. Tinha que buscar água longe, colocar na cabeça, era um peso”, lembrou aliviada. “Agora, com essa outra, vai ser ainda melhor, porque é para produção”, disse, mirando o futuro.

A poucos quilômetros da propriedade em que Maria Sonia cria caprinos, a família de André Nascimento também tem na pequena agricultura o meio de subsistência. É da atividade no campo que o produtor colhe qualidade de vida para os três filhos. Ao lado da esposa, Márcia Cristina, ele enxerga no Programa Cisternas a chance de ampliar e otimizar a produção na área em que vivem.

Aos 43 anos, essa será a primeira vez que o agricultor vai manejar uma horta. “Vou plantar coentro, alface, tomatinho… Vai ser pra gente comer em casa, um alimento saudável, e se for possível, até ter uma rendinha extra pra família”, planeja André, com entusiasmo.

CAPACITAÇÃO — O assessoramento técnico para as famílias que atuarão com as cisternas de produção de alimentos, tem o papel de educar e dar suporte, para que a atividade seja executada com segurança. Dessa forma, Jamile, Maria e André são acompanhados por profissionais com experiência e que conhecem o potencial produtivo da região.

Nas comunidades rurais de Juazeiro, a assistência é feita pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (IRPAA). “É um trabalho que fortalece a função da assessoria técnica, porque a gente conversa com eles, tira dúvidas e até ajuda a escolher qual atividade produtiva eles querem desenvolver”, explicou Andressa Menezes, técnica do IRPAA.

“A retomada do Programa Cisternas consolida o que nós defendemos, que é a convivência com o Semiárido. É um processo que integra a família, porque todos participam”, completou.

O desenho do programa beneficia todos os envolvidos, de uma ponta a outra, como é o caso do pedreiro Flávio Rodrigues, que nunca havia trabalhado na construção civil. Ele passou por uma capacitação, esse ano, e agarrou a oportunidade. Desde que assumiu a função, perdeu as contas de quantas cisternas já ajudou a construir.

“Quero aprender mais ainda, desde moleque tinha vontade de ser pedreiro, e quero aproveitar a oportunidade de trabalhar na área. A cisterna é um presente, eu só tenho a agradecer ao programa, à ASA, a todos”, declarou Flávio. Entre o início e a entrega, a construção de cada cisterna pode variar entre sete e 15 dias, em média.

A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) é uma rede que defende, propaga e desenvolve o projeto de convivência com o bioma. A entidade é composta por mais de três mil organizações da sociedade civil, como sindicatos rurais, associações de agricultores e agricultoras, cooperativas, organizações não governamentais e institutos, como o IRPAA.

AVANÇO — Ao resgatar o Programa Cisternas, em 2023, após longo período sem incentivos, o Governo Federal investiu R$ 600 milhões e contratou 62,7 mil unidades, sendo 58,2 mil para o Semiárido e as demais para a região Amazônica.

As tecnologias sociais de acesso à água são um importante equipamento para a convivência com as regiões, promovendo dignidade, saúde, segurança alimentar e melhores condições de vida. Além disso, pesquisas científicas mostram a importância desses sistemas na saúde de gestantes e recém-nascidos.

 

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