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No Dia do Rock, Brasília resgata memórias do ritmo em rota turística

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Guitarras, baterias, sons e emoções no último volume. “Imagine ficar no exato local onde começou a banda Aborto Elétrico, a Legião Urbana, Capital Inicial, a Plebe Rude… Imagine saber o endereço onde começou aquela história”. A imaginação do músico Philippe Seabra, guitarrista de Plebe Rude, foi uma das responsáveis por tirar do papel um projeto de demarcar os endereços que fizeram Brasília (ou todo o Distrito Federal) ficar conhecida como a Capital do Rock. 

Justo nesta terça (13), Dia Mundial do Rock, o governo local inicia a implantação de placas de informação em 15 desses lugares. Ao todo, serão 41. Não à toa este roteiro foi batizado de Rota do Rock. Seabra é o curador dessa iniciativa – que tem recursos público-privados – para que, mesmo quando houver silêncio, os sons da memória toquem mais alto.

“Desde a década de 1960, tinham bandas de rock na cidade, como Os Primitivos, ou Os Régis, por exemplo. Com o Teatro Nacional ainda sendo construído, em 1966, eles já estavam tocando. Isso é muito clássico”, pontua Seabra.  Ele entende que nessa Brasília, de endereços diferentes, de ruas batizadas por números de quadras da Asa Sul e da Asa Norte, o rock está por toda parte. “A preservação é um legado que quero deixar para o meu filho para que essa história não desapareça. Sem dúvida, Brasília ainda é a Capital do Rock”.

Influências

Entre o final da década de 1970 e início dos anos 1980, aqueles jovens, inspirados pelas novidades do punk rock norte-americano, inventaram uma forma de fazer o ritmo com temas brasileiros. Encontravam-se nas garagens de casa e do prédio para fazer suas canções. “Desde muito pequeno, aquilo me chamava atenção, a partir da adolescência. Aquele movimento mudou a história do rock brasileiro. Plebe Rude, inclusive, chega em 2021 também aos 40 anos de história”, diz o guitarrista.

A secretaria de Turismo do Distrito Federal explica que, quando o visitante chegar a um desses locais, poderá conhecer um resumo da história que aconteceu ali a partir de um QR Code que estará visível no local. As placas terão iconografia e identificação por uma nota musical.

Nesta terça (13), é inaugurada a placa da Torre de TV. Ainda nesta semana, outras 14 peças serão colocadas, em lugares que já são espaços turísticos, como a Ermida Dom Bosco, mas também em frente a prédios que poderiam passar despercebidos por quem não conhece os detalhes. No conjunto residencial da Colina, onde residem professores e estudantes da Universidade de Brasília, por exemplo, aqueles jovens roqueiros se reuniam para compor e tocar, e assim ficaram famosos como “Turma da Colina”.

A Colina, na Universidade de Brasília, é um dos pontos da Rota do Rock. A Colina, na Universidade de Brasília, é um dos pontos da Rota do Rock.

A Colina, na Universidade de Brasília, é um dos pontos da Rota do Rock. – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aliás, esse é um dos locais destacados pela irmã de Renato Russo, a professora e cantora Carmen Manfredini (assista também à entrevista na TV Brasil). “Eu acho que há vários lugares marcantes que influenciaram a obra do Renato e que o incentivaram a compor as músicas. Entre eles, a Colina. Eles fizeram muitas coisas juntos, com o que viria a ser o Capital Inicial. Foi um dos lugares embriões da formação do Aborto Elétrico, que foi a banda punk deles, em 1977”.

Quem for lá vai saber mais como eram os encontros dos músicos que começaram a tocar nos gramados e nas entrequadras e ganharam os palcos de todo o país. Para se ter uma ideia, pelo menos 26 bandas da cidade chegaram às grandes gravadoras nos anos 80 e 90. Fora do Plano Piloto, Philippe Seabra, diz que há espaços que fazem parte da história em cidades como Guará, em Taguatinga e no Gama, que receberam shows inaugurais dessas bandas.

Pertencimento

Pesquisador pela Universidade de São Paulo (USP), o historiador Daniel Savillano estudou no doutorado o fenômeno do rock dos anos 1980. Ele explica que a capital foi influenciada por uma série de conjunturas e que o rock passou a ser parte da identidade cultural da cidade.

“Essa circulação de ideias em Brasília foi marcante também pela origem desses jovens, de classe média. Essa é uma construção de capital do rock e isso faz parte da cultura nacional”. Para ele, o rock foi uma expressão da época que tem relação com o momento histórico e precisa ser resgatada. “A memória, de fato, precisa ser preservada. Isso cria uma ideia de pertencimento. Afasta a ideia apenas de que Brasília tem apenas prédios administrativos. Esse resgate de toda obra é fundamental”.

Carmen Manfredini concorda que a iniciativa é essencial. “Uma das características do nosso país é não preservar. Mesmo que seja recente, a memória se apaga. É mais do que bem-vinda. Incentiva a educação nos adolescentes e também nas crianças sobre quem foram esses músicos”. Philippe Seabra entende que a Rota do Rock poderá mobilizar os atuais jovens roqueiros a se interessarem mais pelo legado daqueles que começaram a construir essa história. 

Teatro Rolla Pedra, Galpãozinho… irmã de Renato Russo lista lugares de Brasília que fazem parte da história do rock brasiliense. Ouça:

Carmen Manfredini relata que Renato Russo foi um desses rapazes curiosos que procuravam endereços e histórias para transformar em versos. “As pesquisas do Renato eram nas ruas. Ele visitava as cidades-satélites e saiu daquela vida de menino privilegiado para contar histórias dos menos favorecidos, como ocorre em Faroeste Caboblo e Dezesseis. Ele conversava com as pessoas nas ruas. Dentro do quarto ele não iria descobrir. Foi assim que ele se transformou em poeta”.

Confira especial da EBC sobre Renato Russo

Mas ela destaca que o local icônico na trajetória de Renato é o bloco B da quadra 303, da Asa Sul. Inclusive, haverá uma placa em frente ao prédio em que ele morava. Foi em seu quarto, de portas abertas, que ele viveu um sonho. “O menino imaginou uma banda fictícia. Imaginou-se um ídolo e astro de rock. Era o mundo mágico do menino Renato (ouça o relato completo abaixo)“. Mais um dos endereços em que a memória pulsa alto.

O prédio onde morou Renato Russo é um dos pontos da Rota do Rock. O prédio onde morou Renato Russo é um dos pontos da Rota do Rock.

O prédio onde morou Renato Russo é um dos pontos da Rota do Rock. – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Onde estarão as primeiras placas

Torre de TV – local onde vários grupos de rock da cidade se apresentaram ao longo dos anos.

A Torre de TV de Brasília é uma torre de transmissão radiofônica e televisiva construída em Brasília e inaugurada em 1967 com 224 metros de altura. A Torre de TV de Brasília é uma torre de transmissão radiofônica e televisiva construída em Brasília e inaugurada em 1967 com 224 metros de altura.

A Torre de TV de Brasília receberá, neste 13 de julho, a primeira placa da Rota do Rock – Marcello Casal JrAgência Brasil

UPIS – faculdade particular de Brasília que abrigou diversas apresentações musicais, inclusive de rock.

QI 8 do Lago Norte – residência de Philippe Seabra, era o QG da Plebe Rude.

Colina, na UnB – ali os filhos dos professores universitários e estudantes da UnB se encontravam para tocar e compor. Foi embaixo do bloco A da Colina que nasceu o Aborto Elétrico.

A Colina, na Universidade de Brasília, é um dos pontos da Rota do Rock. A Colina, na Universidade de Brasília, é um dos pontos da Rota do Rock.

A Colina, na Universidade de Brasília, é um dos pontos da Rota do Rock. – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Ed. Rádio Center – foi neste local que muitas das bandas da cidade ensaiavam. A recém-criada Legião Urbana dividia o aluguel de uma das salas com a Plebe Rude e o XXX.

O edifício Rádio Center é um dos pontos da Rota do Rock. O edifício Rádio Center é um dos pontos da Rota do Rock.

O edifício Rádio Center é um dos pontos da Rota do Rock. – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Esplanada dos Ministérios – os maiores shows da cidade acontecem na Esplanada dos Ministérios, e várias bandas nacionais tocaram ali. Entre elas, o Capital Inicial, que gravou o DVD Multishow ao Vivo durante um show de aniversário de Brasília, com mais de um milhão de espectadores.

Palácio do Congresso Nacional na Esplanada dos Ministérios em Brasília Palácio do Congresso Nacional na Esplanada dos Ministérios em Brasília

Palácio do Congresso Nacional na Esplanada dos Ministérios em Brasília – Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Estádio Nacional Mané Garrincha – o último show da Legião Urbana em Brasília, em 1988, aconteceu no antigo Mané Garrincha, e foi interrompido por problemas de organização e confusão generalizada.

Bloco B da 303 sul – prédio onde morou Renato Russo, foi onde ele compôs várias de suas canções e era ponto de encontro dos roqueiros.

Espaço Cultural Renato Russo – antigo Teatro Galpãozinho (508 sul), era parada obrigatória para os artistas de Brasília nas décadas de 1970 e 1980.

O Centro Cultural Renato Russo é um dos pontos da Rota do Rock. O Centro Cultural Renato Russo é um dos pontos da Rota do Rock.

O Centro Cultural Renato Russo é um dos pontos da Rota do Rock. – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Entrequadra 110/111 sul– ali funcionava a lanchonete Food’s e era onde as bandas – que subiam em caminhões – costumavam se apresentar.

Centro de Convenções Ulysses Guimarães – inaugurado em 1979, foi o palco que recebeu grandes shows de bandas nacionais e internacionais

Concha Acústica de Brasília – projetada por Oscar Niemeyer, foi ali que foi lançado o LP Rumores, em 1985, marcando o punk rock oriundo da capital.

A Concha Acústica é um dos pontos da Rota do Rock. A Concha Acústica é um dos pontos da Rota do Rock.

A Concha Acústica é um dos pontos da Rota do Rock. – Marcelo Camargo/Agência Brasil

Centro Comercial Gilberto Salomão, no Lago Sul – local que recebeu o primeiro show do Aborto Elétrico, em 1980.

QI 9 do Lago Sul​ – onde fica a casa do Digão, que tocava com seu vizinho Rodolfo e tornou-se local de ensaio da banda Raimundos, surgida em 1986.

Ermida Dom Bosco – no gramado às margens do lago Paranoá aconteciam vários shows de rock, entre eles a gravação do DVD Rachando Concreto ao vivo, da Plebe Rude

Edição: Nathália Mendes

Fonte: EBC Geral

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Lula segue para o Rio Grande do Sul, acompanhado de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário

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Estado registra 329 municípios atingidos e 686.482 pessoas afetadas. A frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, seguiu para o Rio Grande do Sul na manhã deste domingo, 5 de maio, acompanhado por uma comitiva de ministros e líderes dos poderes Legislativo e Judiciário. O grupo se une aos ministros Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social) e Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional), que já estão no estado e acompanham de perto as ações de socorro e assistência do Governo Federal à população gaúcha.

Embarcaram com o presidente a primeira-dama, Janja Lula, e os ministros Rui Costa (Casa Civil), José Mucio (Defesa), Fernando Haddad (Fazenda), Renan Filho (Transportes), Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Luiz Marinho (Trabalho e Emprego), Wellington Dias (Desenvolvimento Social e Combate à Fome), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Jader Filho (Cidades), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais). Também seguem para o Rio Grande do Sul os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco, e da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, os ministros Edson Fachin (STF) e Bruno Dantas (presidente do Tribunal de Contas da União), além do comandante do Exército Brasileiro, general Tomás Paiva.

Neste domingo, durante o Regina Caeli (uma das peças da liturgia católica, denominadas “antífonas marianas”), o Papa Francisco manifestou solidariedade e dirigiu suas orações aos povos dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, afetados pelas fortes chuvas e enchentes.

Atualizações nas ações de socorro e assistência ao Rio Grande do Sul

Ministério da Defesa
Resgate de pessoas isoladas em Lajeado, Encantado, Taquari, Estrela, Nova Santa Rita, Montenegro, Sinimbu, Canoas, Bento Gonçalves, Campo Bom e São Sebastião do Caí. Em São Gabriel, Bagé, Alegrete e Cristal, também foram realizadas operações de apoio à reestruturação de imóveis destruídos e realocação de pessoas desabrigadas. Em Candelária e São Valentim do Sul, o contingente ainda realizou a desobstrução de vias. Em Restinga Seca, atuaram para o lançamento de uma ponte e restituição dos acessos. Em Porto Alegre e Cachoeira do Sul, atuaram no apoio à organização e distribuição de doações e aos abrigos de desabrigados. Foram realizados 9.749 resgates nos últimos dias, sendo 402 aéreos, 2.340 fluviais e 7.007 terrestres – 69 pessoas demandaram um trabalho de evacuação aeromédica. São 647 militares das Forças Armadas envolvidos nas operações, sendo 426 do Exército, 155 da Marinha e 66 da Força Aérea.

Força Aérea Brasileira (FAB)
Nesta madrugada, a aeronave KC-390 Millennium transportou mais de 18 toneladas de materiais do Grupamento de Apoio Logístico de Campanha (GALC). Decolou da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro (RJ) com destino à Base Aérea de Canoas, transportando geradores, banheiros químicos, barracas operacionais, colchões, materiais de apoio elétrico e hidráulico que vão prover suporte de alimentação, alojamento, higienização (banho e sanitários) e manutenção da assistência à população gaúcha. Além de toda a carga, a aeronave ainda transportou 14 militares do GALC, que farão a montagem de toda a estrutura em Canoas. A atuação desse efetivo tem a finalidade de apoiar logisticamente as operações na calamidade pública.

Polícia Rodoviária Federal (PRF)
No balanço da manhã, a PRF apontou a previsão de reforço de 75 agentes no efetivo envolvido nas operações. Até o momento, estão destacados 99. A força relatou extrema dificuldade de movimentação do efetivo em razão dos pontos bloqueados. Estão empregadas na operação 20 viaturas e três aeronaves. Cento e cinquenta resgates terrestres já foram realizados e 54 pessoas (e três animais) demandaram resgate aéreo.

BALANÇO — De acordo com a última atualização do governo estadual, são 329 municípios atingidos e já são 686.482 pessoas afetadas. O estado contabiliza 79.253 desalojadas e outras 14.447 pessoas em abrigos, com 72 mortes, 150 feridos e 103 desaparecidas.

PREVISÃO DO TEMPO — De acordo com os órgãos de monitoramento e previsão hidrometeorológica — Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Serviço Geológico do Brasil (SGB) e Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) — a frente fria tem previsão de altos volumes de chuva para o norte do Rio Grande do Sul, todo o estado de Santa Catarina e sul do Paraná.

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