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“Economia criativa é fundamental para a recuperação econômica”

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O Distrito Federal é dono do maior programa de fomento à arte do país, com mais de R$ 144 milhões de recursos destinados ao Fundo de Apoio à Cultura (FAC), principal ferramenta de apoio ao setor. À frente da gestão desse orçamento está o secretário de Cultura, Bartolomeu Rodrigues, que em tempos de crise sanitária, trabalha muito para movimentar a economia criativa do DF – que representa cerca de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do DF, sendo equiparada ao setor da construção civil.

O gestor explica como distribuiu R$ 53 milhões do fundo e como pretende, agora, repartir outros R$ 91 milhões, liberados em crédito suplementar recentemente. “Vamos suplementar o edital do FAC Multicultural com mais recursos. É um edital que foi pensado para atingir pessoas realmente com carência ou grupos com potencial de crescimento. Enfim, artistas que estavam à margem do alcance dos recursos públicos”, adiantou.

Num Papo Aberto com a Agência Brasília, o jornalista Bartô, como é carinhosamente chamado entre amigos, falou ainda sobre as expectativas sobre o Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB), talvez o maior evento cultural da cidade, a entrega do Museu de Arte de Brasília (MAB), a reforma do Teatro Nacional e reformulação da Rádio Cultura, que deve entrar no ar, com nova cara e formato, em breve. “Nós recuperamos a Rádio Cultura. Nossa preocupação agora é como fazer uma rádio pública funcionar como se fosse comercial”.

Confira a entrevista na íntegra

O governo conseguiu a destinação de mais R$ 91,6 milhões para o Fundo de Amparo à Cultura (FAC). Com mais esse recurso, serão distribuídos mais de 144 milhões, o maior programa de fomento ao setor do país. Como avalia essa conquista?
A gente pode dizer, com toda a certeza, que hoje o Distrito Federal, esse quadradinho de pouco mais de 5 mil km², tem o maior programa de fomento do país. O que é muito importante. E mais importante ainda é o que esse dinheiro vai representar. São mais de R$ 144 milhões, que vão resultar em projetos que trarão benefícios para a sociedade como um todo porque vai mexer com a cadeia produtiva da economia local. A economia criativa hoje é parte fundamental para a recuperação econômica de qualquer lugar do mundo, isso é fato. A cultura ajuda a impulsionar a economia. Aqui, no Distrito Federal, a economia criativa representa em torno de 3% do Produto Interno Bruto (PIB), disputando, cabeça a cabeça, com o que representa no setor da construção civil. Então, quando estamos falando em dinheiro para cultura, estamos falando em investimento. Quando um projeto cultural é criado se ativa uma cadeia que envolve muita gente, pessoas que vão trabalhar na montagem do palco, na limpeza, vendendo alimento, ou seja, não é só o espetáculo, é o produto final. O Governo do Distrito Federal está enxergando o FAC como uma retomada do crescimento econômico local. Enfim, é um recurso que vai ser uma alegria para muita gente porque grupos que estavam parados vão voltar a funcionar.

Como a secretaria pretende distribuir esse recurso? Quais são as linhas de financiamento?
Nós queremos que o dinheiro seja empenhado ainda este ano. Soltamos o FAC Multicultural 1 voltado para 22 linguagens artísticas, com reservas de vagas para quem nunca antes tenha acessado o recurso do FAC e para Pessoas com Deficiência. No primeiro semestre deste ano, foram R$ 53 milhões e, agora, vamos suplementar este edital com mais recursos. É um edital que foi pensado para atingir pessoas realmente com carência ou grupos com potencial de crescimento. Enfim, artistas que estavam à margem do alcance dos recursos públicos. Outra parte será utilizada para financiar editais voltados para eventos como festivais. Brasília é uma cidade de grandes eventos e a pandemia está fazendo com que a gente esqueça isso. Vamos reativar esse setor. Uma terceira parte será destinada para um setor que tem dado para nossa capital, status nacional e que praticamente morreu, que é o cinema. Então, também vamos reativar a área do audiovisual. A expectativa é financiar dez longas-metragens para serem executados aqui em Brasília. Sabemos que cada longa-metragem emprega uma multidão de pessoas. Terá linhas voltadas para realização de curtas-metragens, séries e games. Temos linhas específicas voltadas, exclusivamente, para o chamado backstage, aquelas pessoas que trabalham nos bastidores de uma produção. Pensamos até nesses profissionais.

Em 2020, por conta da pandemia, o Festival de Brasília encarou o desafio de acontecer em modelo virtual e foi um sucesso. Quais as expectativas para o evento este ano?
Será a mesma coisa esse ano. No ano passado, o Festival de Brasília esteve por um triz para não ser realizado. Se não fosse a ação enérgica do governador Ibaneis Rocha, que garantiu recursos para a realização do evento, não ia acontecer. Esse ano, nós nos precavemos. Fizemos o edital público bem antes, onde vários candidatos concorreram e uma Organização da Sociedade Civil já foi selecionada, já trabalhando na realização do Festival, que acontecerá na primeira quinzena de dezembro, sem data certa ainda. Temos informações de que já tem quase 40 filmes inscritos. Agora vamos definir qual o canal de TV, como no ano passado, vai exibir o Festival. Porque o evento ainda não pode ser presencial, já que ainda estamos em pandemia. O Festival de Brasília recebe um público quase como uma torcida do Flamengo, é um evento de muita participação, debate e polêmica. As pessoas não vão ficar comportadas, sentadas nas cadeiras, isso não vai rolar. Então, não vamos correr esse risco. Vamos fazer mais uma vez em plataforma virtual, mas tendo, com o que a tecnologia oferece, a possibilidade de manter o clima de debate, de participação, mesas redondas, como foi na edição passada.

Como a secretaria está se preparando para a festa de fim de ano em Brasília?
Vamos ter festa de réveillon, mas não com gente na rua, público aglomerado, não é o momento. Por mais que as vacinações tenham avançado, não dá para brincar com essa situação. Mas vamos realizar o evento no formato virtual e drive-in, em cinco regiões administrativas e com atração de fora da cidade.  

Essa preocupação se entenderá para encontros populares como o carnaval e a festa junina?
Este ano vamos ter recursos para colocar nas escolas de samba e blocos carnavalescos, mas não para fazer carnaval, mas para realizar atividades, cursos de capacitação e projetos envolvendo pessoas que trabalham com fantasia. Aliás, neste mês de setembro vamos realizar um seminário com todo o pessoal do carnaval para recebermos sugestões, propostas de ideias. Com a festa junina vai acontecer como foi este ano, quando patrocinamos vários grupos de quadrilha, mas não no formato de quadrilha tradicional. Fizemos o festival de quadrilha obedecendo aos protocolos de segurança, com quantidade menor de pessoas, distanciamento.

Este ano o GDF devolveu para a população o Museu de Arte de Brasília [MAB], um investimento de mais de R$ 9 milhões. Um belo presente para cidade que ansiava pela volta desse espaço cativo da cultura local…
 O MAB valorizou demais. O MAB tem sido uma grata surpresa para nós. Nós colocamos um modelo tão eficiente lá que a população abraçou o espaço com um carinho tão grande que me surpreendeu. A receptividade com que ele foi recebido na cidade foi uma coisa fantástica e serviu para nos estimular a fazer projetos para aquele setor que estamos chamando de Complexo Cultural Beira Lago e envolve a Concha Acústica, que está exibindo filmes. São locais que viraram point da capital.

Em que pé está a reforma do Teatro Nacional?
O que impediu de nós iniciarmos as obras até o momento tem sido o trabalho para atualizar o projeto que foi feito no passado, com as exigências no presente. Em outras palavras, estamos esse tempo todo, desembaraçando questões jurídicas que envolvem o financiamento da reforma do Teatro Nacional. Posso dizer que está na fase final desse processo, com muito otimismo para que a gente possa lançar o edital ainda este ano de restauração do espaço. Há uma expectativa de entregarmos a Sala Martins Penna para a população no ano que vem. 

Como está a reformulação da Rádio Cultura?
A Rádio Cultura está passando por uma revolução. Nós conseguimos recuperar a Rádio Cultura. Neste momento, estamos trabalhando no gerenciamento do espaço, pensando como será o formato que daremos a estação. E isso é coisa para breve. Nós a equipamos e agora vamos trabalhar a embalagem, o conteúdo da nova Rádio Cultura. Se tiver até que mexer no nome a gente vai mexer. A nossa preocupação agora é como gerir aquilo dali de uma forma que seja uma rádio pública, mas que possa entrar no mercado como se fosse uma rádio comercial. Vai ter mais gente para trabalhar lá, para ajudar a equipe guerreira já existente, que vem mantendo o lugar esse tempo todo quase que nas costas, porque a Rádio Cultura foi sucateada. Ela era um exemplar do descaso do estado em relação a uma emissora pública.

Como vai a parceria com as pastas de Turismo e Governo para revitalização da W3?
Temos projetos no FAC Multicultural da ordem de R$ 300, que vai contribuir bastante com o projeto de revitalização da avenida. Além disso, vamos grafitar 33 pontos de ônibus ao logo da W3 Sul. Um trabalho de grafitagem parecido com o que fizemos na Galeria dos Estados. A ideia é despertar o interesse das pessoas para esse corredor turístico cultural. Aliás, na Galeria dos Estados as pessoas estão se encontrando para fazer book de fotos. Isso é bacana, é bonito. Meu sonho é deixar esse legado também, ou seja, fazer de Brasília, a capital brasileira do grafite. Hoje, temos muito mais de uma centena de grafiteiros e grafiteiras cadastrados no comitê do grafite da secretaria.

Há previsão de reabertura do Cine Brasília?
Sim, agora na primavera, como está acontecendo com as outras salas de cinema da cidade. Obedecendo aos protocolos de segurança, com distanciamento entre as pessoas, essas coisas.

Como o governo dialoga com a classe artística da cidade?
Esse gabinete está sempre de portas abertas. Ouço todos os segmentos da cultura sem discriminação, estamos abertos a todos os setores. É com diálogo que se constrói, aprendi isso aqui. E nesses diálogos sempre vem muitas ideias boas. Um exemplo: esse FAC, que não é produto da nossa cabeça. Ele é produto justamente de toda essa discussão de pessoas que chegam aqui e dão sugestões. Que ninguém pense que as ideias ficam paradas no ar, não. A gente toma nota, vê se tem condição de implementar e fazemos. A cultura é isso, ela é dinâmica, é polêmica e sempre vai ter crítica. O estado tem que dar o suporte, a força, mas não para sustentar. Você tem que dar as condições para o artista trabalhar e mostrar sua arte.

Fonte: Governo DF

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Ministério da Saúde já enviou 25 toneladas de medicamentos e insumos para atender população gaúcha

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Nos últimos dias, cem kits de medicamentos e insumos, com capacidade para atender a até 1.500 pessoas durante um mês, chegaram ao estado. Programa Nacional de Imunizações enviará, nesta semana, 600 doses de imunoglobulina ao Rio Grande do Sul

Ministério da Saúde já enviou um total de 25 toneladas de medicamentos e insumos para o Rio Grande do Sul. O objetivo é manter o estado abastecido durante a calamidade provocada pelas severas enchentes dos últimos dias.

A informação foi divulgada na tarde desta segunda-feira, 13 de maio, no Hospital Conceição, em Porto Alegre, durante entrevista coletiva para rádios regionais.

Cem kits de medicamentos e insumos – com capacidade para atender a até 1.500 pessoas durante um mês – chegaram nos últimos dias ao estado. Conhecido como kit emergencial, ele é composto por oito caixas que, somadas, pesam 250 kg. Além de remédios, o conjunto inclui também luvas, seringas, ataduras, etc.

Vale destacar que o volume não considera outros repasses de medicamentos, vacinas e insumos que estão sendo enviados para repor os estoques perdidos com as enchentes e os que já estavam previstos na rotina. A título de comparação, em todo o ano passado, foram distribuídos 106 kits para emergências no Brasil.

Durante o balanço, o secretário de Atenção Primária à Saúde, Felipe Proenço, detalhou a operação de hospitais de campanha no estado. Foi confirmado que a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) irá operar quatro hospitais de campanha no estado.

Um já funciona em Canoas, outro está sendo montado na capital gaúcha e um terceiro em São Leopoldo. A destinação da quarta unidade ainda será definida. Desde o início da calamidade no Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde já enviou recursos para 246 unidades de assistência.

ALERTA PARA GRIPE — O diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública (Desp) do Ministério da Saúde, Márcio Garcia, fez um alerta para doenças respiratórias. Com as aglomerações em abrigos e a temperatura baixando, a preocupação é com o aumento do número de casos de gripe e covid-19.

“A combinação é favorável para o aumento dessas doenças. As pessoas vacinadas vão estar mais protegidas. Diminuem as chances de adquirir a doença ou de evoluir para um caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave”, frisou.

NÚMEROS — Veja a seguir alguns números das ações no RS apresentadas durante a coletiva:

Balanço de atendimentos

  • Total: 1.600 / Hospital Campanha (HCamp) de Canoas: 1034
  • Equipes volantes: 548
  • Encaminhamento ou transferência para outra unidade: 57
  • Remoções aéreas: 25
  • Atendimentos psicossociais: 22

Força de trabalho:

  • 134 profissionais em atuação;
  • 6 equipes volantes (13 enfermeiros + 9 médicos);
  • 15 equipes aeromédicas (15 enfermeiros + 15 médicos);
  • 62 profissionais no HCamp;
  • 19 profissionais de gestão;
  • 1 equipe psicossocial (5 psicólogas)

Recursos aplicados:

  • Medida provisória (MP) de liberação de crédito extraordinário, editada pelo presidente Lula, no domingo (12), traz a liberação de R$ 861 milhões para ações de saúde primária e especializada, vigilância epidemiológica, assistência farmacêutica e contratação temporária de profissionais;
  • Antecipação de R$ 40 milhões para compra de medicamentos;
  • Antecipação do pagamento do piso aos profissionais de enfermagem do estado. O total do repasse é de R$ 30 milhões;
  • Repasse, em parcela única, de R$ 63,1 milhões do Fundo Nacional de Saúde à Secretaria Estadual de Saúde e aos fundos municipais de saúde do Rio Grande do Sul;
  • Liberação, de forma imediata, no dia 6 de maio, de R$ 534 milhões em emendas individuais de congressistas do Rio Grande do Sul para auxiliar os municípios do estado afetados pelas enchentes. As emendas estavam alocadas na área da Saúde.

IMUNOGLOBULINA  — Programa Nacional de Imunizações (PNI) enviará, nesta semana, 600 doses de imunoglobulina à população do Rio Grande do Sul. As imunoglobulinas são proteínas utilizadas pelo organismo para combater um determinado antígeno, como vírus e bactérias, por exemplo.

Além disso, o Ministério da Saúde também vai destinar 1,1 mil frascos de soro; 416 mil doses de vacinas contra hepatite A, raiva, poliomielite e influenza, e 134 mil doses de covid-19. A destinação de todos esses insumos foi debatida, nesta segunda-feira (13), durante reunião de monitoramento do Centro de Operações de Emergência (COE) para chuvas intensas e inundações na Região Sul.

“Neste momento, as síndromes respiratórias também passam a ser um problema. Por isso, estamos focados em proteger a população gaúcha. Precisamos de uma ação ativa para vacinar inclusive dentro dos abrigos”, afirmou, na reunião, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.

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