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O doce perigo do consumo de açúcar na nossa rotina

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“O ideal é que o consumo seja sem exagero e não diariamente, porque é um ingrediente que faz mal para a maioria das pessoas” Carolina Gama, gerente de Serviços de Nutrição da Secretaria de Saúde

Sucesso no início dos anos 1980, o especial Plunct, Plact, Zum, da Rede Globo, trazia, entre tantas outras atrações, o humorista Jô Soares. Flutuando nas galáxias de avental e chapéu de mestre-cuca brancos, peruca e óculos vermelhos e um sorvetão na mão, ele surgia cantando a música Doce Planeta, de Leo Jaime, uma ode ao rei das guloseimas, o açúcar: “O Sol é um quindim e brilha doce até o fim/Nuvens de algodão doce, pirulitos no jardim (…)/Oh não, não tenha medo, não há perigo aqui (…)”.

Acontece que essa tentação deliciosa diluída em infinitas iguarias, quitutes e preparos, diferentemente do que diz a divertida canção, pode ser uma vilã para a saúde. É o que atesta a gerente de Serviços de Nutrição da Secretaria de Saúde (SES), Carolina Gama. “Se consumido em excesso e frequência grande, o açúcar causa sérios problemas para a saúde”, alerta. “O ideal é que o consumo seja sem exagero e não diariamente, porque é um ingrediente que faz mal para a maioria das pessoas”.

O açúcar está por toda parte, diluído na composição de diversos alimentos industrializados | Foto: Arquivo/Agência Brasília

O açúcar é um dos carboidratos mais consumidos no mundo. No entanto, seu uso frequente pode levar a problemas graves, como colesterol e pressão altas, obesidade, miopia, trombose, gastrite, acne, diabetes, vários tipos de câncer e até diminuição da memória. E também causa cáries.

Absorção rápida

“Carboidrato simples, absorvido de forma muito rápida, tende a causar impacto maior no metabolismo das pessoas”, observa Carolina. “Se a pessoa não precisar da quantidade de energia que foi consumida, isso pode ser revertido em gordura, e consequentemente em aumento do peso.”

Os principais tipos de açúcar são a sacarose – o tradicional, branco ou mascavo –, a frutose, comum nas frutas e non mel, e a lactose, encontrada no leite. O ingrediente também está mascarado em produtos industrializados como adoçantes e xaropes de glicose e de milho. Todos esses “viciam” por um motivo muito simples: estimulam no cérebro a produção de um hormônio chamado dopamina, responsável pela sensação de prazer e bem-estar.

“Quando a gente ler o rótulo dos alimentos, não é só açúcar que devemos procurar, mas ter consciência de que termos como sacarose, glicose, xarope de glicose ou milho, açúcar invertido, entre vários outros, são exemplos de açúcar”, orienta Carolina Gama.

Segundo informações da American Heart Association (AHA), uma pessoa adulta deve ter, no máximo, 150 calorias de consumo de açúcar por dia, o que dá uma média de 38 gramas ou nove colheres de chá. Na prática, equivale a tomar um pote de iogurte de morango ou uma latinha de refrigerante diariamente. “As pessoas que têm o hábito de consumir muito açúcar, e uma alternativa é reduzir o consumo aos poucos”, recomenda a especialista. “As frutas mais doces e maduras são boas aliadas nesse processo de transição”.

Educação alimentar

Ana Carolina mudou a rotina alimentar da família: “Por conta da doença do meu filho, me interessei pelo assunto e descobri que a alimentação da minha família não era tão livre de açúcar, nem tão saudável” | Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Mãe do pequeno Rafael, 6 anos, a advogada Ana Carolina Torelly, 43, passou por uma revolução alimentar quando o filho foi diagnosticado, aos 12 meses, com diabetes tipo 1. Embora seja uma doença crônica, sem nenhuma relação com o consumo de açúcar, ela teve que rever os hábitos da família.

“Uma vez que a pessoa recebe o diagnóstico, tem que ter uma alimentação mais restrita, sem açúcar e carboidratos em geral”, observa. “Por conta da doença do meu filho, me interessei pelo assunto e descobri que a alimentação da minha família não era tão livre de açúcar, nem tão saudável.”

A adaptação não foi fácil, claro. Ela e a família tiveram que optar por uma dieta com menos carboidrato e produtos industrializados, apostando em alimentos ricos em proteínas e com mais vegetais, frutas e legumes. Abraçaram a comida caseira feita com temperos naturais e mais saudáveis.

Ana Carolina ficou tão entusiasmada que, além de estar cursando nutrição, criou uma página no Instagram para abordar, entre outros temas, tópicos sobre alimentação saudável e diabetes. Com o diploma na mão, pretende investir mais na conscientização sobre o assunto. “A gente descobriu que o diagnóstico do Rafa trouxe mais saúde, mostrando que o consumo de produtos ricos em açúcar é prejudicial, e passamos por uma reeducação alimentar”, admite.

Atendimento à população

Para a gerente de Serviços de Nutrição da Secretaria de Saúde, o consumo do açúcar esbarra na questão da adaptação do paladar. O recomendável, diz, é trabalhar essa relação desde a infância, aprendendo a moldar o gosto das crianças quanto ao produto, evitando o vício precoce.

“É um produto que não deve ser oferecido para menores de dois anos; e, mesmo depois, o uso deve ser moderado, senão pode interferir nos hábitos alimentares dela para sempre”, aconselha a nutricionista do GDF.  “Isso é muito importante porque ajuda a minimizar o desenvolvimento de várias doenças na fase adulta.”

3 mil pessoas diabéticas são atendidas mensalmente nas unidades de saúde do DF

Para as pessoas que ingerem açúcar com frequência, há duas opções: o caminho mais difícil, que é a ruptura brusca, ou a redução aos poucos do consumo do açúcar, optando por receitas alternativas. A dica são receitas feitas com frutas desidratadas ou maduras. O uso de adoçante não é recomendado.

“O adoçante não é essencial para o controle glicêmico”, adverte Carolina Gama. “Pode ser um recurso adotado por pessoas com problemas de diabetes, mas o ideal é que a gente realmente adapte o nosso paladar a sabores menos doces, privilegiando a realidade dos alimentos.”

O consumo excessivo e constante de alimentos açucarados está relacionado ao desenvolvimento de sobrepeso e obesidade a longo prazo, além de prejudicar o tratamento do diabetes. Segundo dados da Secretaria de Saúde, cerca de 3 mil pessoas diabéticas são atendidas por mês nas unidades de saúde do DF, o que corresponde a uma média de 200 pacientes mensais assistidos em cada um dos oito ambulatórios voltados ao tratamento dessa patologia.

A orientação é que o usuário busque primeiro atendimento sempre na Unidade Básica de Saúde da região onde vive. Lá, será atendido pela equipe de Saúde da Família, que vai traçar um plano terapêutico em cima do diagnóstico. “Tendo a necessidade de um atendimento na atenção secundária, que é o atendimento ambulatorial, a indicação será feita pela equipe de Saúde da Família ”, detalha Carolina Gama.

Uma novidade será a aprovação de uma política distrital de nutrição e alimentação, a ser lançada em agosto. “Já passou por consulta pública e já foi aprovada no colegiado gestor da Secretaria de Saúde; agora estamos aguardando a agenda do Conselho de Saúde para fazer nossa última aprovação”, informa Carolina Gama. “Não é uma política exatamente sobre o controle de açúcar, é algo muito mais amplo que fala sobre vários aspectos relacionados à alimentação e nutrição”.

Fonte: Governo DF

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Ministério da Saúde já enviou 25 toneladas de medicamentos e insumos para atender população gaúcha

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Nos últimos dias, cem kits de medicamentos e insumos, com capacidade para atender a até 1.500 pessoas durante um mês, chegaram ao estado. Programa Nacional de Imunizações enviará, nesta semana, 600 doses de imunoglobulina ao Rio Grande do Sul

Ministério da Saúde já enviou um total de 25 toneladas de medicamentos e insumos para o Rio Grande do Sul. O objetivo é manter o estado abastecido durante a calamidade provocada pelas severas enchentes dos últimos dias.

A informação foi divulgada na tarde desta segunda-feira, 13 de maio, no Hospital Conceição, em Porto Alegre, durante entrevista coletiva para rádios regionais.

Cem kits de medicamentos e insumos – com capacidade para atender a até 1.500 pessoas durante um mês – chegaram nos últimos dias ao estado. Conhecido como kit emergencial, ele é composto por oito caixas que, somadas, pesam 250 kg. Além de remédios, o conjunto inclui também luvas, seringas, ataduras, etc.

Vale destacar que o volume não considera outros repasses de medicamentos, vacinas e insumos que estão sendo enviados para repor os estoques perdidos com as enchentes e os que já estavam previstos na rotina. A título de comparação, em todo o ano passado, foram distribuídos 106 kits para emergências no Brasil.

Durante o balanço, o secretário de Atenção Primária à Saúde, Felipe Proenço, detalhou a operação de hospitais de campanha no estado. Foi confirmado que a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) irá operar quatro hospitais de campanha no estado.

Um já funciona em Canoas, outro está sendo montado na capital gaúcha e um terceiro em São Leopoldo. A destinação da quarta unidade ainda será definida. Desde o início da calamidade no Rio Grande do Sul, o Ministério da Saúde já enviou recursos para 246 unidades de assistência.

ALERTA PARA GRIPE — O diretor do Departamento de Emergências em Saúde Pública (Desp) do Ministério da Saúde, Márcio Garcia, fez um alerta para doenças respiratórias. Com as aglomerações em abrigos e a temperatura baixando, a preocupação é com o aumento do número de casos de gripe e covid-19.

“A combinação é favorável para o aumento dessas doenças. As pessoas vacinadas vão estar mais protegidas. Diminuem as chances de adquirir a doença ou de evoluir para um caso de Síndrome Respiratória Aguda Grave”, frisou.

NÚMEROS — Veja a seguir alguns números das ações no RS apresentadas durante a coletiva:

Balanço de atendimentos

  • Total: 1.600 / Hospital Campanha (HCamp) de Canoas: 1034
  • Equipes volantes: 548
  • Encaminhamento ou transferência para outra unidade: 57
  • Remoções aéreas: 25
  • Atendimentos psicossociais: 22

Força de trabalho:

  • 134 profissionais em atuação;
  • 6 equipes volantes (13 enfermeiros + 9 médicos);
  • 15 equipes aeromédicas (15 enfermeiros + 15 médicos);
  • 62 profissionais no HCamp;
  • 19 profissionais de gestão;
  • 1 equipe psicossocial (5 psicólogas)

Recursos aplicados:

  • Medida provisória (MP) de liberação de crédito extraordinário, editada pelo presidente Lula, no domingo (12), traz a liberação de R$ 861 milhões para ações de saúde primária e especializada, vigilância epidemiológica, assistência farmacêutica e contratação temporária de profissionais;
  • Antecipação de R$ 40 milhões para compra de medicamentos;
  • Antecipação do pagamento do piso aos profissionais de enfermagem do estado. O total do repasse é de R$ 30 milhões;
  • Repasse, em parcela única, de R$ 63,1 milhões do Fundo Nacional de Saúde à Secretaria Estadual de Saúde e aos fundos municipais de saúde do Rio Grande do Sul;
  • Liberação, de forma imediata, no dia 6 de maio, de R$ 534 milhões em emendas individuais de congressistas do Rio Grande do Sul para auxiliar os municípios do estado afetados pelas enchentes. As emendas estavam alocadas na área da Saúde.

IMUNOGLOBULINA  — Programa Nacional de Imunizações (PNI) enviará, nesta semana, 600 doses de imunoglobulina à população do Rio Grande do Sul. As imunoglobulinas são proteínas utilizadas pelo organismo para combater um determinado antígeno, como vírus e bactérias, por exemplo.

Além disso, o Ministério da Saúde também vai destinar 1,1 mil frascos de soro; 416 mil doses de vacinas contra hepatite A, raiva, poliomielite e influenza, e 134 mil doses de covid-19. A destinação de todos esses insumos foi debatida, nesta segunda-feira (13), durante reunião de monitoramento do Centro de Operações de Emergência (COE) para chuvas intensas e inundações na Região Sul.

“Neste momento, as síndromes respiratórias também passam a ser um problema. Por isso, estamos focados em proteger a população gaúcha. Precisamos de uma ação ativa para vacinar inclusive dentro dos abrigos”, afirmou, na reunião, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.

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